Cecília Andrade, da Dom Quixote/Leya, no sábado -- dia do seu aniversário. Recebeu presentes e passeou de barco pela baía de Paraty. E Connie Lopes, a directora de Língua Geral -- para quem não saiba, nasceu no Porto.
Nicole De Witt, agente literária, ao almoço de ontem, com autores que representa. Tatiana Salem Levy estava no almoço mas não é autor de Nicole -- acaba de publicar A Chave de Casa, primeiro em Portugal (Cotovia) e depois no Brasil (Record).
Bebida a meio da tarde, no Coupé, o mais histórico dos bares de Paraty: FJV, Eduardo Coelho (Língua Geral), Sérgio França (Editora Record), Tatiana Salem Levy, José Eduardo Agualusa e Patrícia Reis. Pepetela ficou escondido na primeira foto, mas ao lado conversa com Agualusa; os dois estão hoje em São Paulo, numa apresentação na Livraria da Vila.
Sábado de sol e muitas mesas literárias. Numa lancha, ao largo de Paraty, Zeferino Coelho visitava o paraíso local, logo a seguir à prestação de Pepetela na Tenda dos Autores. Ele regressaria ainda a tempo de um cocktail em casa de João Roberto Marinho, à noite.
O drink em casa de João Roberto Marinho (filho do fundador da Globo) teve portugueses presentes. E africanos. Só a chuva os afastou por instantes do gramado onde contaram piadas; naturalmente, literárias. Rumores sabe guardá-las. O convite partiu da editora Língua Geral.
Dado que algumas das palestras eram soporíferas, circularam rumores de que no próximo ano se iria distribuir um KitFlip constituído por «travesseirinho, como nos aviões, e máscara com olho aberto». Isto para a versão económica; para classe executiva será acrescentado pijama.
José Luís Peixoto fez um pequeno recital de poesia no Che Bar -- esse mesmo que foi tomado «de assalto» pela Record, sua editora.
Revelação súbita: um grupo de visitantes do Pará (bem no Norte do Brasil) confidenciava a um português, num barzinho bem perto da Praça da Matriz, que o seu livro de estimação era Sei Lá, de Margarida Rebelo Pinto. Sem saberem que o interlocutor era precisamente Marcelo, o editor da Oficina do Livro.
No domingo, ontem, às 13h30, Inês Pedrosa era a convidada do programa «Roda Viva, da TV Cultura, para a sua grande entrevista da semana.
Paraty é também o cenário para encontros entre editores, autores e agentes. Nicole De Witt e Anja Saile, por exemplo, são duas das agentes literárias que marcaram presença na Flip. Hoje com carreiras separadas, estão unidas pelo passado -- ambas trabalharam na agência de Ray Güde-Mertin, a quem se deve muito do trabalho de divulgação de autores brasileiros e portugueses pelo mundo fora.
À hora do jantar, procurar um restaurante é sempre uma tarefa difícil. Mas há ruas tranquilas que escapam à avalancha de esfomeados: Zeferino Coelho e Ana Maria Magalhães jantavam numa mesa no meio da rua, longe da agitação, no simpático Bartolomeo.
O Che Bar, por exemplo, ficou marcado pela presença (com direito a reserva permanente de mesa) da editora Record. Luciana Villas-Bôas e o grupo da Record (Sérgio França naturalmente, mas também Valéria, Ana Paula, e autores como João Gilberto Noll) lá estavam a iniciar a noite.
Rumores, de resto, conseguiu o quase impossível no final da tarde de ontem: a uma mesa do Bar do Hiltinho, o mais antigo de Paraty, juntou pessoal da Record e da Compahia das Letras. À mesma mesa, dividindo a cerveja. Ana Paula Hisayama, da Companhia, tinha acabado de negociar os direitos de dois autores seus.
No Punto Divino, à noite, não cabia ninguém. Bia (filha do escritor Rubem Fonseca) e Pedro Corrêa do Lago, ex-director da Biblioteca Nacional, e que se prepara para lançar (em exclusivo mundial) uma edição fac-similada das cartas de amor de Fernando Pessoa, aguardavam mesa. Maité Proença, cujo novo livro está nas livrarias, o trompetista Paulo Moura, também esperavam na fila.
Numa esplanada, longe da agitação, no intervalo das mesas & debates, Eduardo Coelho (editor da Língua Geral) e Pepetela(que acaba de lançar Predadores no catálogo da editora), bebiam cerveja e falavam de literatura. Uma crítica absurda no Jornal do Brasil, reproduzindo o essencial das badanas (no Brasil diz-se «orelhas»), anunciava que o escritor agora tinha decidido não escrever mais sobre Angola; ora, Predadores é Angola, Luanda, Angola, Luanda, da primeira à última página.
Depois da sua mesa, Inês Pedrosaarrasou: esteve quase três horas a dar autógrafos, numa fila interminável. O seu romance, publicado pela Alfaguara, está a ter muito sucesso.
O Globo, que não perde uma, garante: os autores da Língua Geral são os que mais riem. Têm razões para isso. Connie Lopes, directora da Língua Geral, comanda as operações.
Tem feito sucesso, também, a nova tatuagem de José Luís Peixoto, enorme, ocupando todo um braço.
A mesa sobre revistas literárias (com a LER, a Piauí, a Egoísta e a Bravo), com mediação de José Eduardo Agualusa, foi uma das mais concorridas da série Flip Etc. Como os exemplares disponíveis da LER não chegavam para distribuir pelas duas centenas de presentes, foram disparadas revistas sobre a audiência, que as disputou. Verdadeira operação de punk marketing, comentou João Moreira Salles, o director da Piauí, que acaba de estrear o seu documentário Santiago. Foi anunciado que a LER passa a ter distribuição no Brasil através da editora Língua Geral. A partir de Outubro, e com destaque para as várias Livraria da Travessa, do Rio de Janeiro.
As ruas de Paraty são de calçada setecentista, de lajes irregulares. Isso faz a delícia de turistas -- mas é chato, na verdade, para quem tem de percorrê-las para poder assistir aos eventos da Flip, sobretudo à noite. Os portugueses são considerados culpados do facto: «Vocês fizeram Paraty e ficou bonitinha, e tal. Mas a calçada é miserável. Podiam ter dado um jeito...»
O angolano Ondjaki esteve na Flip como visitante, feliz e entusiasmado -- vive agora por períodos mais largos no Rio de Janeiro, para onde se mudou recentemente. Mas anda perseguido pelo azar telefónico: os seus dois primeiros números de telemóvel (o celular...) tiveram que ser substituídos, por avaria. Os amigos dizem que isso se deve ao facto de ser angolano, mas tem de responder a pequenas provocações: «Ondjaki, qual é teu número esta semana?»
O show de Luiz Melodia na primeira noite da Flip foi muito bom. Não há outra designação. Depois de uns sambas clássicos, com interpretação notável, Melodia atacou com uma sequência que fez comover toda a gente na Tenda dos Autores: primeiro, «Estácio, Holy Estácio» («Se alguém quer matar-me de amor/ Que me mate no Estácio/ Bem no compasso, bem junto ao passo/ Do passista da escola de samba/ Do Largo do Estácio// O Estácio acalma o sentido dos erros que eu faço/ Trago não traço, faço não caço/ O amor da morena maldita do Largo do Estácio»), o seu clássico mais do que clássico; depois, «Pérola Negra» («Tente entender tudo mais sobre o sexo/ Peça meu livro querendo eu te empresto/ Se intere da coisa sem haver engano...»). No final, no camarim improvisado num bar da Praça da Matriz, Rumores soube que Luiz Melodia é verdadeiramente apaixonado por Portugal e quer levar este mesmo espectáculo até Lisboa. Vale a pena, sinceramente vale a pena.
Ontem, Sérgio (da Editora Record) estava verdadeiramente preocupado com Portugal; tinha sabido que Zico poderia ser escolhido como treinador da selecção portuguesa de futebol. E avisava, na esplanada do bar Coupé: «Cuidado! Zico é o maior pé-frio do futebol mundial.»
Editores de autores portugueses e brasileiros mantêm uma discreta esperança para estes dias de Paraty. É daqui a dois meses que se conhecerá a lista definitiva dos finalistas ao Prémio Portugal Telecom do Brasil.
É para hoje que a Câmara Municipal de Lisboa prometeu tomar posição sobre o imbróglio da Feira do Livro de Lisboa. Rumores sabe que no Porto, no Cacém, em Algés e no centro de Lisboa (não no Largo do Município) está tudo munido de máquinas de calcular. Por sí acaso.
Rumores não anda distraído e gostaria de assinalar que a semana passada foi farta em «almoços literários», cujos epicentros foram o Restaurante Gôndola (em Lisboa, onde se come sofrivelmente, mas onde a esplanada, ao sol, é muito frequentada por fumadores), onde se falou bastante de «concentração editorial» e de novos projectos para Maio; o Pote (também em Lisboa, onde se come bem) e onde houve almoços entre editores e agentes literários para bastante e animado gossip (os ouvidos de Rumores só sabem o essencial, mas é picante), além de uma conversa entre um autor e um editor sobre os autores de um e os editores do outro. Ardam, orelhas de Lisboa. De Lisboa e do Porto porque no Sessenta Setenta (bem à vista do Douro, com vinhos apreciáveis) houve também um almoço muito discreto, onde se brandiram números e se combinaram títulos. Esta semana é o Galito (em Lisboa, com a melhor comida alentejana do mundo, e onde há área de fumadores) que será cenário de pelo menos um encontro marcado há semanas; tema? Gossip, puro gossip.
A Livraria Arquivo, de resto, em grande animação: este fim de semana decorria um colóquio sessão de leitura de poesia, e Catarina Vieira, uma das responsáveis da livraria (filha do proprietário) acaba de lançar mais uma edição (atenção!) do seu novo vinho, Rocim, tinto alentejano de 2005, com opiniões críticas de escritores portugueses. Mas a coisa que Rumores apreciou à partida (sobre o Rocim, ver a edição impressa da LER) foi a novíssima colecção de blocos e caderninhos Moleskine, de que a Arquivo é representante e distribuidor exclusivo para Portugal. Bonitos, em novos formatos, alguns muito maleáveis, coloridos (azuis, vermelhos e verdes) e prontos para serem escritos e procurados pelos fanáticos. Ainda não chegaram a Lisboa nem ao Porto, só estão disponíveis em Leiria.
Que o diga Guilherme Valente, que Rumores [a secção de gossip da LER] viu este sábado à tarde a tomar café no pequeno e simpático bar da Livraria Arquivo, de Leiria. Vigiando as estantes à procura das edições da Gradiva? Não. Visitando amigos de há muitos anos.