Outro pequeno ruído em torno de biografias de escritores: desta vez trata-se de Gabriele D’Annunzio, cuja biografia, The Pike[ver artigo de Fernando Sobral, edição da LER em Janeiro], de Lucy Hughes-Hallett, ganhou o Prémio Samuel Johnson (£20,000). Na altura, em Novembro, o The Independent, num assomo da sua habitual correção política, chamou-lhe «a biografia de um repelente poeta e político italiano», mas The Pike é, na verdade, uma excelente biografia (na última ronda pelo prémio Samuel Johnson bateu a volumosa biografia de Margareth Thatcher, de Charles Moore) e a personalidade complexa, ambígua e certamente pouco simpática do fascista D’Annunzio, poeta assinalável, não esgotará nunca a lista de atividades e vícios deploráveis ou apenas extravagantes: cocainómano, piloto de aviões, amante de armas, hedonista e pecador, sedutor inesgotável, etc. Nos EUA, entretanto, The Pike foi de ser publicado com outro título, Gabriele D'Annunzio: Poet, Seducer, and Preacher of War (Alfred A. Knopf), em simultâneo com duas traduções. Depois de o The New York Times ter anunciado «Fascist Designs», a The New Republic relança o debate entre a literatura, o aventureirismo ideológico e a construção da Itália moderna: «The Writer, Seducer, Aviator, Proto-Fascist, Megalomaniac Prince Who Shaped Modern Italy From Gabriele D'Annunzio to Silvio Berlusconi».
Haruki Murakami escreveu um conto para a revista Bungei Shunju, mas os habitantes de Nakatonbetsu (região de Esashi, Hokkaido) não gostaram da forma como a cidade apareceu retratada e protestaram com algum ruído. Murakami pediu desculpa e promete escolher um nome diferente quando o texto aparecer em livro. NoJapan Times. E no LA Times.
Google, Yahoo, Twitter, Facebook, Amazon e outras grandes empresas «discutiram a possibilidade de protagonizar um apagão digital este mês como medida de pressão contra o projeto-lei SOPA (Stop Online Piracy Act)», que será votado no senado norte-americano no próximo dia 24 de janeiro. Notícia desenvolvida no El País.
«Fiction has now become a museum-piece genre most of whose practitioners are more like cripplingly self-conscious curators or theoreticians than writers. For better or for worse, the greatest storytellers of our time are the non-fiction writers.» Com um texto publicado no New York Observer, o crítico Lee Siegel lançou, segundo o Guardian, uma «tempestade literária».
«Sometimes the literary idea conquered him. In one passage, for example, he writes that the fish in Lake Victoria in Uganda had grown big from feasting on people killed by Idi Amin. It's a colourful and terrifying metaphor. In fact, the fish got larger after eating smaller fish from the Nile. Kapuscinski was experimenting in journalism. He wasn't aware he had crossed the line between journalism and literature. I still think his books are wonderful and precious. But ultimately, they belong to fiction.»
Artur Domoslawski, autor de uma biografia de 600 páginas sobre Ryszard Kapuscinski, lançada ontem na Polónia, em declarações ao Guardian.
A tradutora e blogger brasileira Denise Bottmann está a ser processada pela editora Landmark por ter denunciado que a tradução de Persuasão, de Jane Austen, com a assinatura de Fábio Cyrino, é praticamente «um xerox de uma antiga – e fraca – tradução portuguesa da lavra de Isabel Sequeira, até em seus numerosos erros». Toda a história aqui.
Em causa está Glória, livro publicado em 2001 e reeditado em Outubro do ano passado pela Medialivros, que detém actualmente a Gótica. Desenvolvimento aqui.
J. D. Salinger solicitou a um tribunal de Manhattan que impedisse a publicação de 60 Years Later: Coming Through the Rye, da autoria de John David California, por considerar que o livro é «pura e simplesmente um plágio» de The Catcher in the Rye (1951), a obra-prima do misterioso autor norte-americano de 90 anos que não publica nada (que se saiba) desde a década de 60. De acordo com o El País (que cita a Amazon.com), o livro será lançado por uma editora sueca (Nicotext) a 15 de Setembro.
Pouco tempo depois de se ter tornado a primeira mulher eleita Professora de Poesia em Oxford, Ruth Padel desiste de um dos cargos académicos e literários de maior prestígio no Reino Unido devido a acusações que a ligam ao facto de os jornalistas terem tido conhecimento de um alegado episódio de assédio sexual do Nobel Derek Walcott, poucos dias antes da data das eleições.
O Nobel Derek Walcott desistiu da corrida ao cargo de Professor de Poesia em Oxford depois da carta anónima — acompanhada de fotocópias de uma queixa de assédio sexual que remonta a 1982 — que chegou à universidade inglesa. A eleição para um dos cargos literários mais prestigiantes do Reino Unido continua marcada para este sábado.
Simone Di Meo, jornalista do Cronache di Napoli, garante que Roberto Saviano plagiou alguns dos seus artigos para concluir o best-sellerGomorra (publicado em Portugal pela Caderno) e reclama agora 500 mil euros de indemnização. Segundo a Lire, a primeira audiência em tribunal terá lugar a 7 de Julho.
A polémica não é nova na blogosfera (já vem desde 2006), mas ganha agora outra dimensão nos jornais: Téofilo Huerta Moreno, jornalista e escritor mexicano, acusa José Saramago de plágio. Em causa está o livro As Intermitências da Morte, publicado pelo Nobel português em 2005. Um ano depois, Moreno criou um blogue onde explica as suas razões.
Giles Foden, romancista e professor de Escrita Criativa na University of East Anglia, responde no The Guardian à entrevista polémica de Horace Engdahl, secretário permanente da Academia Sueca: «The proper response to Engdahl is a word conceived in America but universally understood: bullshit.»
A Editorial Magnólia publicou em 2007 o best-seller deste autor: O Último Rei da Escócia.
A poucos dias do anúncio do novo Nobel da Literatura, Horace Engdahl, secretário permanente da Academia Sueca, afirmou, em entrevista à agência Associated Press (reproduzida pelo El País), que os Estados Unidos não participam «no grande diálogo da literatura». A polémica começou.
A capa da The New Yorker(edição de 21 de Julho) está a provocar polémica: Barack Obama e a mulher na Sala Oval, com um retrato de Bin Laden e a bandeira americana a arder.