Hoje, no Diário de Notícias, «Novos rostos, novas vozes para outra poesia portuguesa»: Margarida Ferra, Filipa Leal, Margarida Vale de Gato, Inês Fonseca Santos, Rosalina Marshall e Raquel Nobre Guerra. Para o DN, «escolheram o lado mais difícil da literatura: o que não dá fama, dinheiro ou holofotes».
Chamaram-vos tudo, interessantes, pequenos, grandes, ou apenas se calaram, ou fecharam os longos ouvidos à vossa inútil voz passada em sujos espelhos buscando o rosto e as lágrimas que (eu é que sei!) me pertenciam, pois era eu quem chorava.
Um bancário calculava que tínheis curto saldo de metáforas; e feitas as contas (porque os tempos iam para contas) a questão era outra e ainda menos numerosa (e seguramente, aliás, em prosa).
Agora, passando ainda para sempre, olhais-me impacientemente; como poderíamos, vós e eu, escapar sem de novo o trair, a esse olhar? Levai-me então pela mão, como nos levam os filhos pela mão: sem que se apercebam.
Partiram todos, os salões onde ecoavam ainda há pouco os risos dos convidados estão vazios; como vós agora, meus livros: papéis pelo chão, restos, confusos sentidos. E só nós sabemos que morremos sozinhos. (Ao menos escaparemos à piedade dos vizinhos)
[Poesia, Saudade da Prosa - uma antologia pessoal, Assírio & Alvim, 2011]
Há quem lhe chame já o maior encontro de poetas da História. Com o objetivo de escolher um poeta por cada uma das 204 nações presentes nos Jogos Olímpicos de Londres, um júri contou com a ajuda de leitores de todo o mundo. De acordo com a lista final, Rosa Alice Branco será a representante de Portugal na «Poetry Parnassus», semana londrina (de 26 de junho a 1 de julho) onde se espera quase tudo, até o lançamento de 100 mil poemas de helicóptero. Toda a história aqui.
Alguns — quer dizer nem todos. Nem a maioria de todos, mas a minoria. Excluindo escolas, onde se deve, e os próprios poetas serão talvez dois em mil.
Gostam — mas também se gosta de canja de massa, gosta-se da lisonja e da cor azul, gosta-se de um velho cachecol, gosta-se de levar a sua avante, gosta-se de fazer festas a um cão.
De poesia — mas o que é a poesia? Algumas respostas vagas já foram dadas, mas eu não sei e não sei, e a isto me agarro como a um corrimão providencial.
O autor de o apocalipse dos trabalhadores é o primeiro convidado de «Poesia em Vinyl», projecto organizado por Raquel Marinho e Luís Filipe Cristóvão. Anote: sessão inaugural dia 14 de Janeiro, no restaurante Vinyl (Travessa da Galé, 36, em Alcântara, junto da antiga FIL), a partir das 21h30. Valter Hugo Mãe falará dos seus poemas, com leituras de Fernando Alves e música de JP Simões. A entrada é livre.
«A Poesia em Vinyl é um projecto que pretende divulgar novos poetas e novos músicos, num mesmo evento, a decorrer uma vez por mês, nos primeiros seis meses de 2010. O evento realiza-se no restaurante/bar Vinyl, situado no edifício da Orquestra Metropolitana de Lisboa. Os poetas convidados nasceram todos depois de 1970 e têm vários livros disponíveis no mercado. A ideia é dar-lhes um espaço onde possam falar sobre si próprios e a sua poesia, seguido de uma leitura de alguns dos seus poemas. Vai também ser convidada uma figura pública para, no final desta apresentação, e antes de dar a palavra ao público, ler um poema do poeta da noite. Uma vez que o Poesia em Vinyl vai decorrer num restaurante, os poetas são também convidados a escolher uma entrada, ou uma sobremesa, ou um petisco de que gostem. A conversa da noite começará, assim, à volta dessa escolha gastronómica do poeta, que é uma forma de começar a quebrar eventuais gelos de início de noite.»
Antes de receber a 18ª edição do Prémio Rainha Sofia de Poesia Iberoamericana (17 de Novembro), o poeta mexicano merece destaque no El País.«Con 20 años piensas que tal vez un día llegues a escribir con una facilidad, con una certeza y un conocimiento... Y no, nunca. Siempre es por primera vez, siempre. Y, además, la mayoría de las cosas salen muy mal. La mayoría de los textos que haces son malísimos, para que uno te salga bien necesitas hacer 50 muy malos.»