Revistas e suplementos literários hoje em debate na praça central da Feira do Livro de Lisboa, a partir das 18h30, com a participação de Francisco José Viegas (LER), José Mário Silva (Actual/Expresso) e Tiago Gomes (Bíblia). Moderação de Filipa Melo.
Eduardo Salavisa, Pedro Cabral, Mónica Cid e José Louro vão estar hoje, às 18h, na esplanada central da Feira do Livro. «A ideia é pormos toda a gente a desenhar aquele recinto. No dia 13, quem quiser, mostra os desenhos, e alguns serão publicados na revista LER. Serão devolvidos no dia 16», explica Salavisa no seu blogue.
Este desenho foi o que encontrei mais parecido com a Feira do Livro. Na praça principal da vila do Tarrafal, na ilha de Santiago, Cabo-Verde, uma pequena multidão assistia, pela tv, ao jogo de futebol Benfica-Braga, num pequeno café parecido com um stand da Feira do Livro. Eduardo Salavisa.
«Dizem-me que faz bom tempo e que a Feira este ano está mais animada, como se por esse mundo fora não lavrassem coisas terríveis, crise, pobreza, depressão. Diz-se que em épocas de crise se lê mais, e parece que os contabilistas comprovam esta afirmação. A mim agrada-me pensar que em épocas de crise as pessoas querem saber por que chegámos a isto e acercam-se aos livros como se estes fossem fontes de água fresca e os leitores gente sedenta.» José Saramago hoje no seu «Caderno».
Eduardo Pitta dá conta aqui de uma das novidades da Feira do Livro de Lisboa, que começa amanhã: «uma barraca com 900 títulos da Penguin Books, da responsabilidade da Tinta-da-China, com descontos até 30%».
A Feira do Livro de Lisboa abriu as portas e, como se esperava, choveu. É meio caminho para confirmar a sua existência, porque chove todos os anos. Que haja barraquinhas ou pavilhões, a feira está ali – e deve permanecer. É festa, como sempre. Subir e descer o parque é um ritual importante; respirar entre as árvores faz bem às coronárias e favorece os encontros, entre as prateleiras de livros. Prefiro os livros velhos, aqueles quase esgotados, vendidos por dois ou três euros, ou menos, e é isso que vou lá buscar todos os anos. Há uma magia qualquer nos livros ao ar livre, folheados ou vistoriados por almas que durante um ano inteiro aguardam aquele dia – o dia da Feira. Gosto das pessoas que fazem listas e recolhem catálogos, organizando a sua biblioteca particular, onde há sempre espaço para mais um livro. Isso é a feira – as pessoas, o ar satisfeito ou inquieto de quem se perde por um livro. O resto não me interessa nem me interessou muito. [Francisco José Viegas]
Só num comunicado emitido ontem à noite a APEL explicava, preto no branco, a inclusão dos pavilhões diferenciados do grupo LeYa na Feira de Lisboa. Lê-se num dos pontos do comunicado: «Neste contexto, a participação, a título excepcional, do Grupo Leya através de stands diferenciados só teve a concordância da APEL a partir do momento em que ficou definida, para o projecto de modernização a implementar em 2009, a garantia de “igualdade de oportunidades aos editores e livreiros de diferentes dimensão e capacidade financeira, com particular atenção às necessidades dos pequenos editores”.»
Abertura da Feira estácondicionada
Também ontem à noite, numa nota distribuída como «aditamento», APEL atribuía ao grupo LeYa eventuais responsabilidades na abertura tardia da Feira: «A APEL assegura que todos os stands da sua responsabilidade, bem como o espaço envolvente, estarão prontos na quinta-feira, dia 22 de Maio. Contudo, a abertura da Feira do Livro de Lisboa – e a própria definição da data – está condicionada pelo Grupo Leya, a quem compete a montagem dos respectivos stands. Acresce que os elementos informativos desses stands, ainda não disponibilizados, são necessários para reformulação do layout da feira e consequente apresentação do mesmo na CML, para aprovação.»
«A Associação Portuguesa de Editores e Livreiros é responsável pela organização da Feira do Livro de Lisboa desde 1930 com o sucesso que todos conhecem.
A 78ª edição em 2008 não fugiu à regra.
São de todos, no entanto, conhecidas as peripécias que acompanharam e perturbaram o normal desenvolvimento da implantação da 78 ªFeira do Livro de Lisboa cuja data de inauguração vai ser anunciada dentro de horas.
A APEL como instituição com maior expressão no sector editorial português e a única que representa o sector livreiro que também marca presença na Feira do Livro de Lisboa tudo tem feito para que ela continue a ser, como até aqui, o mais importante evento cultural da cidade e o maior do país.
A APEL assegura, pelo respeito que lhe merecem os participantes e o público em geral, que não poupará esforços para que a 78.ª Feira do Livro de Lisboa resulte num evento de grande sucesso, digno do seu historial, em nome da promoção do livro e da leitura.»
Resumo da conferência de imprensa de Vasco Teixeira, em despacho da Agência Lusa:
«A Associação de Editores e Livreiros (APEL) justificou hoje o atraso da Feira do Livro de Lisboa, que deverá começar no fim-de-semana, com a vontade de ter o maior número de autores e editores de sempre. Vasco Teixeira, que liderou a delegação da APEL nas negociações de segunda-feira com a Câmara de Lisboa e a União de Editores Portugueses (UEP), disse: "A realização da feira chegou a estar em causa, mas procurámos garantir o maior número de autores e editores de sempre". Em causa está o diferendo com o Grupo LeYa que congrega um grande número de editoras pertencentes à UEP, que pretendia "pavilhões diferenciados" na Feira, que já não começará quarta-feira como o previsto, mas permitindo a participação de editoras como a Editorial Caminho ou as Publicações D. Quixote e de autores como José Saramago, António Lobo Antunes ou Lídia Jorge.
O responsável da Porto Editora, que falava aos jornalistas nas instalações da Lisboa Editora, afirmou que "houve pressões de vários quadrantes, nomeadamente do presidente da Câmara" e não estranhou os agradecimentos do administrador-delegado do Grupo LeYa ao autarca e ao director municipal de Cultural, Rui Pereira. "É do conhecimento público o apoio do presidente António Costa e de Rui Pereira às pretensões do Grupo LeYa", disse.
Afirmando que "esta guerra entre a APEL e a UEP vem de trás", Vasco Teixeira salientou que "que a voz da UEP é na essência a voz da LeYa", grupo que vê contemplado pelo Memorando a diferenciação de pavilhões. Vasco Teixeira disse ainda que o Memorando de Entendimento entre a Câmara, a UEP e a APEL, assinado segunda-feira à noite, "procura que em próximas feiras não se repita qualquer situação de impasse".
"Garantir a estabilidade é uma das preocupações expressas pelo acordo", disse.
Vasco Teixeira citou o artigo 10º do Memorando segundo o qual as duas associações se comprometem "a um esforço conjunto" para a organização das feiras a partir de 2010.
Relativamente à Feira do próximo ano, prevista para se realizar de 15 de Maio a 15 de Junho, a sua organização caberá à APEL, que tem até 30 de Novembro para apresentar uma plano de modernização. Referindo-se a este prazo, Vasco Teixeira afirmou que "é apertado para se desenvolver o plano, mas tardio para se implementar". O editor afirmou que a questão da modernização não é consensual dentro da APEL, "fundamentalmente por razões financeiras".
Segundo Vasco Teixeira "foi a questão financeira que não permitiu um projecto de modernização aquando presidência de João Soares" na Cãmara de Lisboa (1995-2001).
"Temos de estudar quem pode apoiar, se a Câmara também apoia e há que encontrar patrocinadores", disse, frisando que essa é uma questão para a nova direcção da APEL que será eleita em finais de Junho.
Questionado porque razão o Presidente da APEL, Baptista Lopes, não liderou as negociações com a edilidade e a UEP, Vasco Teixeira afirmou que foi por vontade do próprio "para dar mais capacidade negocial à APEL" que se via confrontada nas negociações com uma delegação da UEP mais numerosa. "Não há críticas à direcção, foi constituída uma comissão que aliás sempre o apoiou e que foi aprovada por todos os órgão sociais da APEL", sublinhou Vasco Teixeira. A delegação da APEL foi liderada por Vasco Teixeira e constituída ainda por João Espadinha e José Pinho.
Para Vasco Teixeira, o Memorando "salvaguarda uma das maiores riquezas da Feira, que é a sua diversidade e dar espaço aos pequenos editores". "É garantido o acesso a todos, pequenos, médios e grandes editores e também aos livreiros que apenas têm representação através da APEL", enfatizou. Referindo-se ao Memorando afirmou: "É fundamentalmente uma declaração de intenções".»
Fonte da APEL contactada há instantes pelo LERBLOG confirmou que a 78ª Feira do Livro de Lisboa abrirá ao público durante o próximo fim-de-semana, «desejavelmente no sábado». Haverá uma comunicação oficial ainda hoje para fixar a data definitiva. Recordamos que a Feira do Livro do Porto abre amanhã, 21.
O Grupo LeYa participará de "forma diferenciada" na Feira do Livro de Lisboa, com 15 módulos de três dimensões diferentes, a instalar no topo direito Parque Eduardo VII, disse à Lusa o seu administrador-delegado, Isaías Gomes Teixeira.
O LERBLOG publica o texto integral do protocolo de entendimento assinado entre a CML, a APEL e a UEP, e subscrito por, respectivamente, Rosalía Vargas, Vasco Teixeira e Carlos da Veiga Ferreira.
«Considerando que:
a) a Feira do Livro de Lisboa é um dos mais importantes eventos culturais da cidade e de toda a área metropolitana em que está inserida, tendo, por isso, um inegável interesse público;
b) Tal interesse se evidencia pela forte adesão popular registada em todas as 77 edições já realizadas;
c) A Câmara Municipal de Lisboa sempre reconheceu essa importância e o estatuto de interesse público e cultural, através de apoios directos e indirectos atribuídos à organização da Feira do Livro de Lisboa.
d) O espírito que sustenta a realização deste evento é o de expor toda a oferta editorial de língua portuguesa, assegurando a necessária diversidade e abrangência, num quadro de igualdade de oportunidades a todos os participantes, na prossecução da efectiva promoção do livro e da leitura;
e) a APEL é responsável pela organização da Feira do Livro de Lisboa desde 1930, aqui incluindo todas as 77 edições anteriores, com notório sucesso, bem como a 78ª edição, que se realiza este ano;
f) A responsabilidade de organizar um certame como a Feira do Livro de Lisboa exige da APEL uma posição de salvaguarda dos direitos e interesses de todos os participantes, não devendo, pois, permitir que qualquer editor ou grupo editorial usufrua de quaisquer privilégios e condições excepcionalmente vantajosas em relação a todos os participantes e que possam desvirtuar o objectivo da própria Feira do Livro de Lisboa;
g) a APEL é a instituição com maior expressão no sector editorial português e a única que representa o sector livreiro, que também marca presença na Feira do Livro de Lisboa;
h) A União dos Editores Portugueses (UEP) é uma entidade que congrega algumas das mais importantes editoras portuguesas;
i) O impasse que se verifica com a realização da 78ª Feira do Livro de Lisboa, resultante de diferendos entre a APEL e a UEP, pode colocar em perigo a concretização de tão importante evento ou, pelo menos, prejudicando a abrangência de representação de editores, livreiros, autores e livros.
j) A CML, a APEL e a UEP consideram fundamental assegurar que o certame continue a realizar-se com as virtualidades que tem manifestado em prol da divulgação do livro e do estímulo à leitura;
É redigido o presente Memorando de Entendimento entre a CML, a APEL e a UEP, cujas vontades se expressam nos seguintes termos:
1. Compete à APEL, a responsabilidade de realizar, em 2008 e 2009, a Feira do Livro de Lisboa, facto pelo qual a CML se obriga a não autorizar a realização, no mesmo local, de um evento de características similares e/ou concorrencial durante o período de realização da Feira do Livro, assim como nos três meses anteriores e posteriores à data da realização da mesma.
2. A realização da Feira do Livro de Lisboa terá lugar entre 15 de Maio e 15 de Junho, com a duração a fixar pela APEL, excepto se outras datas vierem a ser acordadas entre a APEL e a CML, ouvida a UEP.
3. Todos os processos relativos à montagem e desmontagem da Feira do Livro de Lisboa competem à APEL, carecendo de aprovação da CML.
4. A CML disponibilizará à APEL para a Feira do Livro de Lisboa o espaço suficiente para o seu funcionamento, em local adequado para o efeito, e sem quaisquer encargos que respeitem à utilização do local, promoção e funcionamento da Feira, incluindo serviços a ela inerentes.
5. Até 31 de Março, a CML acordará com a APEL a lista de equipamentos e serviços infra-estruturais que disponibilizará, tendo em atenção as circunstâncias de cada edição do evento.
6. A APEL compromete-se a apresentar até 30 de Novembro de 2008 um projecto de modernização da Feira do Livro de Lisboa, tendo em vista a 79ª edição a realizar em 2009.
7. O projecto de modernização terá de ser apreciado pela CML no prazo de 30 dias após a entrega do projecto à edilidade.
8. O projecto de modernização deverá garantir igualdade de oportunidades aos participantes do sector de diferente dimensão e capacidade financeira, com particular atenção às necessidades dos pequenos editores que garantam a exposição de livros difíceis de encontrar nos circuitos comerciais habituais.
9. Na 78ª edição da Feira do Livro de Lisboa, a APEL aceita a inscrição de stands de características diferentes dos tradicionais, com a implementação e tipologia que foram acordadas entre as partes.
10. A APEL e a UEP, por via deste Acordo, retiram os pedidos de organização da Feira do livro de Lisboa já apresentados. As duas associações comprometem-se a um esforço conjunto para a organização das Feiras do Livro de Lisboa para o ano 2010 e seguintes. No caso de não chegarem a acordo para o ano 2010 e seguintes, a CML avaliará a respresentatividade das associações do sector e terá essa avaliação em conta na atribuição do espaço para a organização da Feira do Livro.
Lisboa, 19 de Maio de 2008.»