Rowling e o despeito
As “redes sociais literárias” – vulgo “campeonato do despeito” – nunca suportaram J.K. Rowling, a criadora de Harry Potter. Há duas razões para isso: Rowling não pertence “ao grupo” (embora tivesse sido publicada pela Bloomsbury, uma editora muito literária) e vendia bastante, captando a atenção de milhões de miúdos. Gostei dela sem a ter lido (só li três livros): Rowling estava a reabilitar a ideia de fantasia e de adolescência, além de ser bonita e discreta. Depois de Harry Potter, publicou três romances, dois deles policiais. E voltou ao mago de Hogwarts num conto passado na Patagónia – para anunciar que a personagem, agora com 34 anos, continua a sua vida. Isto irrita muito as pessoas despeitadas. Uma dessas escritoras, de cabeção e lunetas, veio miar que se trata de ‘literatura de segunda’. É não perceber nada. Trata-se de uma história de fantasia. Não quer ser literatura nem usar cabeção. [FJV]