Quatro estações: a nova periodicidade da LER
Esta promessa de renovação é a garantia de que a LER continuará a ser a sua revista de livros. Sem lamentos nem desculpas.
1. Nestes últimos 27 anos – desde 1986, data de lançamento de um «número zero» histórico (230 000 exemplares), até hoje (10 000 exemplares de tiragem) – a LER acompanhou a vida editorial e literária portuguesa de diferentes formas. Fê-lo de acordo com os tempos, mas mantendo o essencial: dando a voz aos autores e aumentando sempre o espaço concedido aos livros. Desta maneira se completaram 133 edições, uma coleção invejável para uma revista dedicada à literatura e aos livros: pela sua longevidade e pela sua regularidade.
2. A história da LER é, também, a história da sua independência editorial: nem dependeu de apoios públicos de quaisquer natureza, nem cedeu a pressões, nem evitou mostrar a sua opinião. Nunca recebeu subsídios – e, a propósito, a única que vez que solicitou um, a fim de publicar uma edição especial em língua inglesa para a Feira de Frankfurt (apresentando a edição e a literatura portuguesa contemporânea), viu o pedido recusado; o resultado foi, talvez por isso mesmo, gratificante: a nossa edição fez-se na mesma, com grandes sacrifícios, cuidada por Richard Zimler, sem um escudo (era a moeda da época) de apoio estatal; as outras publicações, realizadas com apoio público, terminaram onde mereciam.
3. Esta independência só é possível graças ao apoio da Fundação Círculo de Leitores – que tem assegurado todos os meios para que a revista tenha podido prosseguir o seu trabalho ao longo dos últimos 27 anos. Poucas entidades, públicas ou privadas, se dedicaram com tanta paixão e empenhamento à promoção da leitura, dos autores e do livro em Portugal – quer através da revista LER, quer do Prémio José Saramago, quer das pioneiras Olimpíadas da Leitura. Este apoio da Fundação Círculo de Leitores (fundamental para a LER, juntamente com o dos seus assinantes e milhares de leitores) não pode, no entanto, iludir as dificuldades que hoje se colocam às publicações periódicas em geral – dificuldades acrescidas em se tratando de uma revista de livros. A LER, como as outras revistas, depende desse mercado em mudança (entre o papel e o digital), da forma como chega às mãos dos seus leitores, da maneira como ocupa o seu lugar na vida dos livros.
Há por isso, decisões difíceis a tomar a fim de não prejudicar a independência da revista e a sua longevidade. A primeira dessas decisões tem a ver com a sua periodicidade: esta edição da LER interrompe o seu ritmo mensal e o fim de uma série inaugurada em 2008, quando a revista retomou a sua publicação regular, regressando no próximo mês de Junho ao seu antigo formato trimestral (um por cada estação do ano) – com mais páginas, mais reportagens, mais profundidade e densidade. A segunda dessas decisões prende-se com a presença da LER na internet – que terá atualização diária e permanente a partir de Abril, primeiro apenas no seu blogue, depois no site que será lançado oportunamente.
Esta promessa de renovação é a garantia de que a LER continuará a ser a sua revista de livros. Sem lamentos nem desculpas.