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Livros. Notícias. Rumores. Apontamentos.

«Os labirintos só têm graça quando nos perdemos neles»

As crónicas que Pedro Mexia vem publicando desde 2007 no Público reunidas num único volume: As Vidas dos Outros (Tinta-da-China). «Há de tudo, numa sequência imprevisível», escreve o historiador Rui Ramos no prefácio. «Epicuro no seu jardim ateniense, Paulo na estrada de Damasco, um rei que escreve sobre depressões, um duque que vende Ticianos, os esqueletos de Vesalius, o coração «irrequieto» de Händel, a confissão de Luís XV, os pavões de Darwin, Baudelaire fotografado por Nadar, a sorte do general Custer, a «cabeça feroz» de Sandokan, o mais célebre urinol do mundo, o último voo de Leslie Howard, um músico num campo de concentração, o chão pisado por Francis Bacon, a pessoa que era Frank Sinatra, o postal que era Audrey Hepburn, um grande escritor que se chamou J.G. Ballard, uma morte em Chappaquiddick, as cuecas de Tracey Emin. Não procuremos o fio condutor. Os labirintos só têm graça quando nos perdemos neles.»

Anatomia do ensaio e do fragmento

O novo livro de João Barrento, O Género Intranquilo (ed. Assírio & Alvim), apresentado há dias por Eduardo Lourenço, já está nas livrarias. «Arrumo os fragmentos segundo uma ordem possível, afino a escrita, aparo a acutilância do conceito, tento um princípio organizativo que evidencie a progressão da experiência, do fenómeno – disseminado, anárquico – para a ideia –, concisa, fulguração a caminho de uma síntese. Acorrem primeiro imagens, metáforas produtivas, a palavra-maná que alimenta o delírio conformável a uma qualquer tecitura. Depois, pouco a pouco, o aglomerado informe poderá ir-se consolidando, convergindo para definições lapidares, provisórias, feixe de energia irradiante que permite ao pensamento ir progredindo. No acto de fruição dessas imagens – como alguém disse de um praticante do ensaio tão especial como Walter Benjamin – o sujeito vive-se já como ensaísta que soberanamente domina o mundo e que, no caleidoscópio do seu texto, faz fulgurar sempre novas conexões. (Poderá o ensaio sobre o ensaio ser, ele próprio, uma demonstração viva de uma teoria ou fenomenologia do ensaio? Pode pelo menos, a cada momento, dar a ver ao leitor o lugar onde está, o patamar a que acedeu, o caminho que segue.)»

Segredo no Ultramar

Tema do novo romance de José Rodrigues dos Santos — «sobre Moçambique, os portugueses e a guerra colonial e, sobretudo, acerca do mais aterrador segredo de Portugal no Ultramar». Joaquim Furtado apresenta O Anjo Branco no próximo dia 23 de Outubro, às 17h, na Sociedade de Geografia de Lisboa. O livro é lançado pela Gradiva em parceria com as livrarias Bertrand.

Mais inéditos de Maria Gabriela Llansol

«Neste segundo volume do Livro de Horas evidenciam-se essencial mente duas vertentes. Por um lado, predominam registos tendencialmente bastante mais pessoais (por vezes mesmo íntimos) do que no primeiro volume. A matéria biográfica, as evocações da infância, as crises de relacionamento na vida social, as tensões entre indivíduo de escrita e grupos profissionais, ocupam grande parte da escrita diarística destes anos de 1977-1978 (correspondentes aos cadernos nº 3 a 6 da primeira série do espólio), uma época em que a escrita tem de alternar com o trabalho, e se vê, por isso, frequentemente atravessada por tensões e nostalgias. Por outro lado, põe-se mais à vista a oficina de Llansol, sobretudo no que se refere ao trabalho de pesquisa e de entrosamento da experiência com a narração e a escrita, particularmente do segundo e terceiro livros da primeira trilogia, A Restante Vida e Na Casa de Julho e Agosto.» Lançamento marcado para 26 de Setembro, durante as Segundas Jornadas Llansolianas de Sintra, no Centro Cultural Olga Cadaval.

Um Livro e cinco leitores

O novo romance de José Luís Peixoto, editado pela Quetzal, chega as livrarias a 24 de Setembro, mas ontem o autor e cinco leitores foram os primeiros a poder folhear os primeiros exemplares de Livro, no Bloco Gráfico, a gráfica do Grupo Porto Editora na Maia. «É o sentimento de quando se recebe o livro impresso, encadernado, pela primeira vez. Neste caso, este sentimento, que é sempre de realização ou de felicidade (se é que se pode utilizar a palavra), acaba por ser maximizado tendo em conta o processo e o esforço que para mim foi terminar um romance com este título tão ambicioso. [...] Fiquei muito contente por ser acompanhado por pessoas que prezam os meus livros, num momento como este

Sôbolos Rios Que Vão

É um dos destaque da Dom Quixote para a rentrée. «Entre os últimos dias de Março e os primeiros de Abril de 2007, depois de uma operação grave, o narrador, entre as dores e a confusão provocada pela anestesia e pelos medicamentos, recupera fragmentos da sua vida e das pessoas que a atravessaram: os pais e os avós, a vila da sua infância, a natureza da serra, os amores e os desamores. Como um rio que corre, vamos vivendo com ele as humilhações da doença, a proximidade da morte, e o chamamento da vida.» Nas livrarias a partir de 18 de Outubro.

O fim que nunca chega

«No final do século XIX, os convivas de um serão londrino entretêm-se a imaginar o futuro próximo da humanidade. Das artes, da literatura. E dos livros. Edison, o inventor do fonógrafo, acaba de apresentar o cinetógrafo e Gutenberg parece condenado pela ascensão do som e da imagem em movimento. O livro impresso vai desaparecer, diz uma das personagens. Quem diria que semelhante vaticínio foi feito há mais de um século?» O Fim dos Livros, de Octave Uzanne (1851-1931), publicado originalmente em 1895, chega esta semana às livrarias com ilustrações de Albert Robida. Edição Palimpsesto.

Novo romance de João Tordo

«Quando o narrador – um escritor frustrado e hipocondríaco – se desloca a Budapeste para um encontro literário, está longe de imaginar até onde a literatura o pode levar. Planeando uma viagem rápida e sem contratempos, acaba por conhecer um escritor italiano mais jovem, mais enérgico e muito pouco sensato, que o convence a ir com ele até Sabaudia, em Itália, onde o famoso produtor de cinema Don Metzger reúne um leque de convidados excêntricos numa casa escondida no meio de um bosque.» O novo romance do vencedor do Prémio Saramago 2009 chega às livrarias a 28 de Agosto. Edição Dom Quixote.

Rentrée da Teorema (actual.)

Setembro

Quartos Imperiais, Bret Easton Ellis (reedição que marca os 25 anos do seu lançamento).
Attachement - Em Anexo, romance de estreia da norte-americana Isabel Fonseca, mulher do britânico Martin Amis e autora do ensaio Enterrem-me de Pé (Teorema).

Desespero, Vladimir Nabokov (reedição).

 

Outubro

Jan Karski, Yannick Haenel, escritor francês que estará em Lisboa para lançar este polémico romance-ensaio sobre «o católico polaco que tentou alertar, sem sucesso, os aliados para o extermínio judeu e se encontrou com o presidente Roosevelt em 1944».
Especulação Imobilária, Italo Calvino.

 

Novembro

Pai de Filme, Antonio Skármeta, romance que o autor promoverá em Lisboa no mês em que completa 70 anos.

Pátria Apátria, W. G. Sebald, antologia de ensaios sobre literatura de língua alemã.

Paulo Moreiras continua com os seus B.I.

Cada ano, seu BI.  A excepção aconteceu em 2007, quando Paulo Moreiras escreveu B.I. da Cereja e da Ginja o B.I. do Palito (2007). Seguiram-se outros dois pequenos volumes da colecção «Bilhete de Identidade» — direcção de Ana Paula Guimarães e patrocínio do Instituto de Estudos de Literatura Tradicional (IELT) , publicada pela editora Apenas Livros: B.I. do Tremoço (2008) e B.I. da Perdiz (2009). Agora, o autor de Os Dias de Saturno (QuidNovi) acaba de lançar B.I. da Morcela (2010): «Sabia que o inventor da morcela foi o grego Aftónio de Corinto, um dos sete famosos cozinheiros da Grécia antiga, a quem se atribui também a paternidade das salsichas e dos chouriços?»

Novos livros de Rubem Fonseca e Gonçalo M. Tavares publicados a partir de Setembro

O Seminarista, de Rubem Fonseca, Matteo Perdeu o Emprego, de Gonçalo M. Tavares ou Uma Longa Viagem com Manuel Alegre, de João Céu e Silva são três dos destaques que as chancelas da Porto Editora anunciam para a rentrée editoral. Das novidades a publicar a partir de Setembro, apresentadas ontem em conferência de imprensa, destacamos:

 

Setembro

El tiempo entre costuras (ainda sem título definitivo em português), Maria Dueñas (Porto Editora)

1822, Laurentino Gomes (Porto Editora)

O Seminarista, Rubem Fonseca (Sextante)

A Cidade do Homem, Amadeu Lopes Sabino (Sextante)

Adeus, Até Amanhã, William Maxwell (Sextante)

 

Outubro

Matteo Perdeu o Emprego, Gonçalo M. Tavares (Porto Editora)

Na Sombra do Pai, Richard Russo (Porto Editora)

Uma Longa Viagem com Manuel Alegre, João Céu e Silva (Porto Editora)

A Assombrosa Viagem de Pompónio Flato, Eduardo Mendoza (Sextante)

Crush it, Gary Vaynerchuk (Ideias de Ler)

 

Novembro

Histórias Daqui e Dali, Luis Sepúlveda (Porto Editora)

A Filha do Coveiro, Joyce Carol Oates (Sextante)

Roma, António Mega Ferreira (Sextante)

 

A rentrée marca ainda o início da publicação das obras completas, por parte da Sextante, de Rubem Fonseca, William Maxwell e Eduardo Mendoza.