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Livro de Agusto Cid dia 18 das livrarias

Porreiro, Pá! está dividido em nove actos (Animal Feroz, Alegre “ma non troppo”, Bat-Ota, O Grande Educador, Economia-porreirinha, O Mundo a seus pés, Sem-sure, Free-at-last-port, Urna-mente) e será lançado pela Guerra & Paz na próxima sexta-feira, às 18h30, no El Corte Inglés, em Lisboa. Apresentação de João Pereira Coutinho.

 

Mas quem foi este Sócrates, conhecido no seu tempo pelo epíteto assustador de «o animal feroz»?
A melhor forma de responder ao enigma é olhar para as páginas que se seguem. Em 96 «crónicas» ilustradas, Augusto Cid resume e comenta os inacreditáveis quatro anos do senhor. Não conheço melhor resumo. Não conheço melhor comentário. Ao homem e à obra. [...]
O Cid lembra-se. O Cid lembra-nos. E lembra mais: lembra que só um país anestesiado seria capaz de suportar, silencioso e manso, a licenciatura domingueira do seu primeiro-ministro; a novela do Freeport; as embaraçosas amizades com Chávez; e os recorrentes números de Manuel Pinho, que terminaram com a faena conhecida. Olé!
Felizes dos países que têm «cronistas» assim. E felizes dos leitores que, pela pena do Cid, têm os seus políticos assados.
Do prefácio de João Pereira Coutinho

A surpresa de Augusto Cid

«O cartoonista, escultor e pintor Augusto Cid assinou hoje um acordo com a Guerra e Paz editores para a publicação de um livro surpresa. Prevê-se que o livro, cujo título se mantém ainda em segredo, possa ser objecto de alguma controvérsia e contestação no período eleitoral que se aproxima.
A Guerra e Paz anuncia que esta nova obra de Cid será objecto de uma apresentação especial aos livreiros, prevendo-se que o seu lançamento tenha lugar na segunda metade do mês de Setembro, em data a anunciar.
A obra de Augusto Cid tem-se confrontado permanentemente com as grandes figuras políticas do país e com os momentos de maior agitação social. “O cartoonista – afirma Cid – é um irresponsável por natureza.” Para a Guerra e Paz editores o risco da publicação justifica-se tanto pela responsabilidade cívica como pela necessidade de testemunhos efectivos de liberdade de expressão.
O livro vai estar nas livrarias de todo o país antes das próximas eleições legislativas.»

[Comunicado retirado daqui]

'Veneza' nas livrarias

Depois de Paris, Pérsia, Índia e Japão, Veneza é a cidade escolhida por Carlos Vaz Marques para a colecção de Literatura de Viagens (Tinta-da-China). «A autora, que publicou pela primeira vez este livro, em 1960, ainda com o nome de James Morris e cuja mudança de sexo na década seguinte acrescentou notoriedade à sua já famosa carreira jornalística, é uma figura extraordinária também por razões biográficas», escreve Carlos Vaz Marques. «É numa permanente inquietação da viagem que Jan Morris, percorrendo o mundo para o interpretar, tenta revelar o enigma dos lugares que visita tal como se propõe desvendar o seu próprio enigma interior. "Por vezes, rio abaixo, quase penso que o consigo; mas então a luz muda, o vento vira, uma nuvem atravessa-se à frente do sol e o significado de tudo isto volta uma vez mais a escapar-me."» A ler também a nota de Eduardo Pitta sobre Conundrum.

Memórias de um sobrevivente

«Há pessoas que parecem não pertencer ao mundo e ao tempo em que vivem. Marcos Ana é uma dessas pessoas. Como tantos da sua geração, arrastados às prisões do fascismo espanhol, sofreu o indizível no corpo e no espírito, escapou in extremis a duas condenações à morte, é, em todo o sentido, um sobrevivente. A prisão não pôde nada contra ele, e foram 23 os anos que esteve privado de liberdade. O livro que acabou de apresentar em Portugal é o relato simultaneamente objectivo e apaixonado desse tempo negro. O título das memórias, Digam-me como é uma árvore, não poderia ser mais significativo.» José Saramago no seu Caderno.

Pacheco Pereira e o 'Portugal dos Pequeninos'

José Pacheco Pereira apresenta na próxima quarta-feira este Portugal dos Pequeninos (Bertrand), selecção de textos publicados nos últimos anos no blogue de João Gonçalves. Às 18h30, na Bertrand do Chiado, em Lisboa. O livro chega às livrarias dois dias depois. Publicamos aqui um dos posts:

 

A LEGISLATURA PERDIDA
Tenho aqui dedicado algum espaço à cultura enquanto, chamemos-lhe assim, função do Estado. Quando o blogue começou, tinha saído da direcção do São Carlos e afligia-me a progressiva degradação a que o sector vinha sendo sujeito desde que Carrilho fora substituído respectivamente por José Sasportes, Santos Silva (a vedeta socrática para a agitprop, quem diria), Pedro Roseta, Maria João Bustorff, Isabel Pires de Lima e o impensável incumbente, o advogado Pinto Ribeiro. Tudo junto, e salvo o curto interregno da direita, o PS «manda» na cultura desde os finais de 1995. Nos primeiros tempos, Carrilho — com o apoio de todo o governo a começar no então ministro das Finanças Sousa Franco — resolveu problemas, limitou estagnações e colocou (a expressão é dele) a cultura no coração da política. Houve quem chamasse a isso «dirigismo cultural», «Lang à portuguesa» ou «obsessão malrauxssiana». Todavia, as coisas faziam (e fizeram) sentido. Porquê? Porque a tudo presidiu — enquanto o primeiro-ministro de então assim o entendeu — um desígnio minimamente pensado e estruturado que, permita-se o trocadilho, colocou a política no coração da cultura. A cultura não era resto. Era razão. Sabe-se como acabou. Carrilho demitiu-se e Guterres refugiou-se na sua pusilanimidade para não fazer mais nada. A direita não interessa porque não usou a razão mas antes a velha «razão» da contabilidade. O PS de Sócrates, nestes quatro anos («uma legislatura perdida» como lhe chama Carrilho num documento divulgado pelo Expresso) votou o sector ao mais ignóbil desprezo a ponto de me questionar se vale a pena manter uma tutela autónoma com a designação de Ministério da Cultura. Isabel Pires de Lima ficou refém da sua inabilidade, da intriga, de Joe Berardo e de Mário Vieira de Carvalho. Os poucos actos que lhe são assacados tiveram a pronta intervenção do líder que a removeu assim que pôde. Veio Pinto Ribeiro — uma metáfora nula alimentada por cumplicidades várias nos jornais e nas televisões — e Sócrates chega às eleições deste ano com um redondo zero (ou menos do que isso) como balanço de um sector que Ribeiro oportunisticamente aceitou sem saber o que fazer com ele. No tal documento, Carrilho, com manifesta benevolência, fala de uma política cultural que classifica como «invisível, ilegível e incompreensível» como se tivesse existido uma. Fora Carrilho e duas ou três almas do sector ligadas ao PS, não vi mais ninguém — designadamente gente que durante dois mandatos presidenciais distintos teve responsabilidades de assessoria nesta área e que agora, sentada no conforto de um bom retiro fundacional, só derrama frivolidades em jornais — apontar o dedo ao admirável líder e à sua imperdoável omissão. Como escreve Carrilho, é fundamental, num país periférico e pobre que pouco mais tem, valorizar o contributo da cultura e da criação «no PIB, no emprego, na coesão, na competitividade» e que «não reconhecer isto é, hoje, de uma cegueira tragicamente irresponsável.» Sócrates, ao contrário do que ele imagina e a propaganda expele, deixa um país mais burgesso embotado em anúncios tecnológicos que não resolvem um átomo do problema da qualificação com que finge preocupar-se. Pinto Ribeiro não conta apesar de se esforçar tanto para a sua imensa vaidade aparecer na fotografia. A «legislatura perdida» tem, por isso, apenas um rosto. O rosto de Sócrates, o verdadeiro ministro da Cultura destes quatro anos remetidos para o velho pântano de 2001.

Biblioteca Lobo Antunes

O Coração das Trevas, de Joseph Conrad, A Letra Encarnada, de Nathaniel Hawthorne, e Ilusões Perdidas, de Honoré de Balzac: primeiros três títulos da nova colecção Biblioteca António Lobo Antunes (selecção e prefácios), editada agora pela Dom Quixote. Nas livrarias a partir de 1 de Junho. Mais lançamentos agendados para Agosto e Outubro.

'Millennium' no cinema

A adaptação cinematográfica de Os Homens que Odeiam Mulheres, primeiro volume da trilogia «Millennium», criada pelo sueco Stieg Larsson (1954-2004), já estreou nos países escandinavos, em França, na Suíça e na Bélgica e, como conta Isabel Coutinho, chegará às salas de cinema espanholas, italianas e canadianas esta quinta-feira (29 de Maio). Até há pouco tempo, o filme ainda não tinha sido comprado para Portugal, mas estaria a ser negociado em Cannes.

 

A tradução portuguesa do terceiro volume, A Rainha no Palácio das Correntes de Ar, será publicada pela Oceanos a 2 de Julho. Pré-publicação exclusiva na edição de Junho da LER.