Anotem o nome: Chimamanda
Chimamanda Ngozi, repetimo-lo, é uma das grandes revelações da festa literária de Paraty. Não só pela juventude (30 anos) e sorriso luminoso, mas sobretudo pela irreverência com que combate os clichés inevitavelmente ligados a autores africanos e pela qualidade do seu segundo livro, Half of a Yellow Sun, publicado no Brasil com o título Meio Sol Amarelo (Companhia de Letras). José Eduardo Agualusa considerou-o mesmo uma "revelação". O enredo passado durante a Guerra do Biafra (1967-1970) valeu-lhe o Orange Prize de 2007. A escritora nigeriana, na verdade, cresceu na sombra do conflito - sombra intensa que levava a sua mãe a falar do piano que perdera nesses anos, mas não dos pais que morreram à força da bala. "Quis escrever sobre como as mães criam os filhos durante a guerra e os generais são meninos assustados com medo. No fundo, sobre as pequenas histórias da humanidade, como as crianças que não podiam beber o leite da Cruz Vermelha porque os pais achavam que estava envenedado. Nunca me interessou a parte mais sensacionalista da guerra, dos soldados mortos, dos batalhões, etc." Chimamanda reconhece-se numa nova geração de escritores africanos que rejeita rótulos de décadas. "O papel de intervenção é mais questionado quando o autor nasceu em África. Mas eu escrevo sobre o que quero e apenas procuro as melhores histórias. E, depois, quem define o que é ou não um tema africano?"
Este segundo livro de Chimamanda Ngozi, Half of a Yellow Sun (título original, 2006), já passou pela mão de editores portugueses, mas ainda não há fumo à vista.