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Crónica de um «bibliotecário-ambulante»


«26 de Junho 2006, numa tarde quente e sufocante sento-me ao volante da Bibliomóvel, pela 1ª vez e ao ligar a chave de ignição, transporto-me por instantes a um passado não muito longínquo, até aos meus 12/13 anos.

Sonhador como qualquer criança daquela idade, passava diariamente pelo parque de estacionamento, onde descansava a “carrinha esquisita dos livros”, denominação da Biblioteca Itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian e imaginava função para tão estranho veículo.

Apaixonado pelos livros e pela leitura e sonhador como qualquer criança de 12/13 anos, olhava e observava tamanha aberração automobilística, mas carregada de tanto sentido (pela sua carga valiosa) e imaginava como seria interessante transportar letras, palavras, imagens por estradas, terras e gentes e poder viver disso.

26 de Junho 2012, tarde muito quente e sufocante ao sentar-me pela enésima vez ao volante da Bibliomóvel e ao ligar a chave de ignição, para partir em direcção a rota que inaugurou este serviço, há precisamente 6 anos atrás (Alvito da Beira/Sobrainhos dos Gaios), assaltam-me a memória as histórias/estórias, as pessoas, os utilizadores, os Amigos, as estradas, as terras, as memórias/recordações, os silêncios, as conversas, as saudades, as perdas, os ganhos, as vitórias e as derrotas, os saberes, os sabores, os sentires que são a essência das andanças da Bibliomóvel e do bibliotecário-ambulante por Proença-a-Nova.

Tudo isto e muito mais fazem parte do meu quotidiano e da imensa honra que tenho em perpetuar um enorme legado, que vejo com satisfação ressurgir e renascer um pouco por todo o país.»

Texto de Nuno Marçal para assinalar seis anos «de andanças» ao volante do Bibliomóvel. 

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