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A lista do booker

É esta a lista dos finalistas para a edição da «crise de identidade» do Booker deste ano:

Bill Clegg (EUA) – Did You Ever Have a Family
Anne Enright (Irlanda) – The Green Road
Marlon James (Jamaica) – A Brief History of Seven Killings
Laila Lalami (EUA) – The Moor’s Account
Tom McCarthy (UK) – Satin Island
Chigozie Obioma (Nigéria) – The Fishermen
Andrew O’Hagan (UK) – The Illuminations
Marilynne Robinson (EUA) – Lila
Anuradha Roy (Índia) – Sleeping on Jupiter
Sunjeev Sahota (UK) – The Year of the Runaways
Anna Smaill (Nova Zelândia) – The Chimes
Anne Tyler (EUA) – A Spool of Blue Thread
Hanya Yanagihara (EUA) – A Little Life

 

Bill Clegg, Chigozie Obioma e Anna Smaill são autores de primeiros romances, enquanto Marlon James é a primeira autora jamaicana a ser nomeada.

A shortlist de seis livros vai ser anunciada a 15 de setembro e o vencedor será conhecido a 13 de outubro – para quem não sabe, a cerimónia é transmitida em direto pela BBC. 

Maj Sjöwall e Per Wahlöö, os mestres fundadores do policial antes de ser nórdico

Maj Sjöwall, sentada. No início dos anos 70.

Per Wahlöö e Maj Sjöwall foram os pioneiros do «policial nórdico» na altura em que não havia «policial nórdico». A dupla foi publicada nos anos 90 pela Caminho, que lançou títulos como Desapareceu um carro dos bombeiros (1992), O homem à varanda (1989), O homem que se desfez em fumo (1990) e O polícia que ri (1990), da série protagonizada por Martin Beck, o polícia sueco. Hoje, Jo Nesbø, Camilla Lackberg, Karin Fossum ou Arnaldur Indridason são as estrelas do cartaz nórdico, juntamente com série de televisão como Bron/A Ponte ou The Killing — mas os livros de Per Wahlöö e Maj Sjöwall, cheios de humor, melancolia, tendências comunistas, são realmente fundadores. No Daily Telegraph, uma revisitação com Maj Sjöwall, cética em relação à nova onda de policiais vindos do norte.

O livro de Harper Lee bateu todos os recordes (EUA)

As vendas de Go Set a Watchman no primeiro dia bateram todos os recordes anteriores na categoria de ficção, incluindo O Símbolo Perdido, de Dan Brown, As Cinquenta Sombras de Grey, de E.L. James, ou Harry Potter e as Relíquias da Morte, de J.K. Rowling — que detinham os recordes anteriores. Os dados são confirmados pelas vendas da Barnes & Noble, Book-A-Million e Amazon.

Entretanto, na Grã-Bretanha, estima-se que as vendas possam ter ultrapassado os 105.000 exemplares no primeiro dia, de acordo com informações do grupo Penguin.

 

Crítica de Adam Gopnik, publicada na New Yorker.

 

E a crítica na The Economist

«The book’s evolution from “Watchman” into “Mockingbird” in less than three years is remarkable. To put it into context, a lot of novels are dreadful, and most are ordinary. Even the 150 or so submitted for the Man Booker prize every year—supposedly the cream of literary publishing—are a mixed bunch. Only a handful, if that, could be considered great. “Go Set a Watchman” is one of the ordinary ones. It has flashes of delight—the 14-page account of a ladies’ coffee morning is particularly hilarious. But many of the characters are one-dimensional and they spout long speeches, chiefly about race, that feel both unfinished and undigested. That Atticus Finch should reveal himself to his adult daughter as a racist bigot, rather than the moral giant of “Mockingbird”, can only have been written by someone who had not had a child or seen at first hand the inexorable nosiness of the young, whether about their parents’ motives or their sex lives.»

«The most surprising thing about “Go Set A Watchman”, then, is how a young writer, so rooted in the customs and mores of her time and seemingly with no sense of drama or history, was able to transform a first novel from a pedestrian piece of prose into a soaring work that has enthralled millions through the decades. It makes one want to salute the human imagination—and weep that she never wrote more.»

A alegria de um livro

A primeira cliente a comprar um exemplar de Go Set a Watchman, na Northshire Bookstore, Saratoga Springs, NY, EUA — passava um minuto da meia-noite.

Um leitor de Go Set a Watchman, um pouco antes da meia-noite do dia 13, vestido de Atticus Finch (o personagem incarnado por Gregory Peck) preparando-se para comprar o seu exemplar na Ol’ Curiosities & Book Shoppe, em Monroeville, Alabama – a terra natal de Harper Lee.

Meia-noite e um minuto na Anderson’s Bookshop, em Downers Grove, Illinois, EUA. A livraria promoveu uma exibição do filme Não Matem a Cotovia num cinema da cidade (já agora, o Tivoli, para curiosos) duas horas antes. Mesmo a tempo de, à meia-noite, abrir as portas para vender os primeiros exemplares.

 

 

Lello: uma livraria museu

 Comentário.    A Livraria Lello decidiu passar a cobrar pela entrada no seu espaço — são €3 dedutíveis na compra de livros (ou €10, caso o visitante queira usar o seu cartão de cliente). A medida justifica-se e não merece reparos; pelo contrário: é uma solução bem encontrada. Durante vários anos, desde que a imprensa internacional descobriu o admirável desenho da livraria, que ela é invadida diariamente por turistas que se passeiam naquele espaço reduzido — observando, fotografando, desarrumando, usufruindo do lugar. Isso conduziu a livraria a um beco sem saída: a sua clientela aprecia o espaço mas não compra livros; portanto, tem tomado decisões comerciais criticáveis, embora compreensíveis, dedicando parte fundamental do seu espaço à venda de merchandising, sabonetes e produtos rétro a fim de compensar a perda de negócio. Em certa medida, a livraria transformou-se — justificadamente — num museu, prestando um bom serviço público à cidade, mas suportando todos os custos de manutenção e funcionamento do espaço. Esta é uma boa decisão: se quer visitar a livraria, fazer uma selfie, compará-la com Hogwarts, mas não comprar livros — pagará €3; se quer comprar livros, esses €3 serão descontados; se a escolhe como livraria habitual, terá o seu cartão de cliente (€10 anuais). Em contrapartida, espera-se que a Lello volte a ser, realmente, uma livraria. [F.J.V.]

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