Fotografias exemplares, 50.
António Lobo Antunes rasurando um manuscrito.
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António Lobo Antunes rasurando um manuscrito.
Traduzidos do original pela mão e pela sensibilidade de Frederico Lourenço. Adaptados à «leitura por jovens» por Frederico Lourenço, naturalmente. Uma boa ideia para o outono.
O site Matchbook (no Tumblr) dedica-se a explorar a correspondência entre capas de livros, livros, primeiras frases de livros – e, imagine-se, biquínis e fatos de banho. Os autores vão desde J.D. Salinger, J.D. Ballard ou Dostoievsky até Kurt Vonnegut e Agatha Christie; nos criadores de roupa sei que entram a Adidas, Victoria’s Secret, La Perla e muitos designers individuais. Outras correspondências são possíveis: livros e carros, vinhos, gastronomia, arquitetura, , mas são ideias mais banais hoje em dia. Ficam muitas opções disponíveis: livros e raquetes de ténis, livros e relógios de parede, livros e lingerie, livros e miniaturas de comboios, a lista é infindável e tonta, tão tonta como a paixão pelos livros.
Exatamente: senha, password ou palavra-passe? Ver o debate no Ciberdúvidas.
A França discute um livro, Le Suicide Français, de Eric Zemmour. Ou aquilo que ele representa, a França vencida pelo tempo tentando reabilitar os seus fantasmas. Parte da imprensa exige que Zemmour não possa ir à televisão, que o silêncio é a melhor resposta. Porquê? O que ele defende é duro – que os últimos quarenta anos, depois do Maio de 68 (a grande desgraça), destruíram a França e, por extensão, a Europa. Há demasiados estrangeiros em França, demasiados árabes, negros, feministas (“o homem transformou-se numa mulher como os outros”), cosmopolitismo, liberais, influência americana, muçulmanos (“a França vai ser muçulmana”), economistas anglo-saxónicos, misturas (“o gay quer ser um judeu como os outros”). A decadência da grande nação francesa. Zemmour diz-se bonapartista e pétainista, e lamenta que a Europa tenha escravizado a França. É melhor não ignorar este homem. A velha França tem um louco à solta. [F.J.V.]
REFERÊNCIAS
Charles Pasqua s'est attaqué à Eric Zemmour et ses différentes sorties sur Pétain et les juifs. Le Nouvel Observateur.
Eric Zemmour victime d'une "cabale", mais invité partout. L’Express.
Plus c’est gros, plus ça buzze [ou de como a esquerda gostaria de proibi-lo de ir à televisão]. Libération.
Roselyne Bachelot s'"inquiète" du "phénomène" Éric Zemmour. Le Point.
Passé d’Épinal. Editorial do Libération.
Le pétainisme et l’air du temps. Artigo de Mark Weitzmann, no Libération.
Zemmour, une dérive française. Libération.
Zemmour et Attali, deux profils du confort intellectuel up-to-date, no Mediapart.
"Hordes de Roms, Maghrébins et Africains" : Eric Zemmour persiste et signe. No site TF1
Eric Zemmour à propos de notre pays : « Ce n’est même pas qu’on n’aime pas cette France, on ne la reconnaît pas ! Ce n’est plus la France ! ». Nouvelles de France.
A entrega do Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho, atribuído ao filósofo José Gil, pelo seu livro Cansaço, Tédio, Desassossego (edição Relógio d'Água) vai realizar-se no próximo dia 31 de Outubro, na Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco (Av. Dr. Carlos Bacelar), em Famalicão. O prémio foi atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores (APE) e pela Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão.
Philip Roth uns anos antes e uns anos depois de entrar na lista dos desafectos do Nobel – mas sempre ao pé da janela.
É como se segue a lista dos finalistas do Prémio Fernando Namora, instituído pelo Casino Estoril, no valor de 15.000 euros (o vencedor é conhecido no dia 9 de novembro):
Afonso Cruz, Para onde vão os guarda-chuvas
Ana Margarida de Carvalho, Que importa a fúria do mar
Ana Cristina Silva, A segunda morte de Anna Karénina
Bruno Vieira do Amaral, As primeiras coisas
Luís Cardoso, O ano em que Pigafetta completou a circum-navegação
Nuno Júdice, A Implosão
Ian Fleming desdenhando de James Bond, rindo de James Bond, e pensando que James Bond já fez asneira, respetivamente.
Hilary Mantel sobre o bloqueio do escritor: «Em caso de bloqueio, o melhor é ficar longe da mesa de trabalho. Dar uma caminhada, tomar um banho, dormir, cozinhar, desenhar, ouvir música, meditar, exercício; faça o que fizer, não se limitar a fazer uma cara feia.» É como dizes.
«Fervilham por aí uns livros ditos de auto-ajuda que pretendem ensinar os novos autores a escrever. Instalou-se uma movimentada indústria conselheiral, popular e cansativa. De uma forma geral, esses livros são inofensivos. Mas não poucos abusam da benevolência e boa-fé dos principiantes. Assertivos, peremptórios, simplificadores, seguem os princípios da linguagem publicitária. É próprio de quem pretende ganhar dinheiro à custa do desembolso dos outros. Muitas vezes começam pelo auto-elogio. Fiz e aconteci, vendi tantos e tantos exemplares, estive em tal ou tal sítio, fui elogiado por A e por B, conferenciei no Gabão, etc… Música celestial. Vai-se ver e a obra produzida é mole, clandestina e insignificante. O alarido autopromocional é sinal quase certo do palco trampolineiro. Os elogios na epígrafe ou na contracapa lembram os testemunhos dos doentes curados acerca do elixir milagroso.
Pretende-se dar a impressão de que todos estes temas e procedimentos são simples e redutíveis a definições, chavetas e listas. No entanto, o leitor facilmente se aperceberá, se não lhe interessar a banha reptilária, que a maioria das matérias de que vamos ocupar-nos dava, em si, para um livro. Algumas, até, para bibliotecas. No meu caso, aposto que depois deste volume impresso me hão-de ocorrer mais coisas. Faltar-me-á aprender muito mais do que nele se contém.
Não que inexistam milagres. Há-os. Mas deles não trata a modéstia deste livro. Não que não haja génios. Abundam os génios. Mas esta obrazita também não compromete os génios. Visa apenas uma prática mais informada da escrita por escritores a quem ainda não foi diagnosticada a genialidade. Aqueles para quem, lembrando um verso de Petrarca que Camões gostava de citar, «entre a mão e a espiga existe o muro». Também, não se podendo evitar a terceira-pessoa-do-singular-do-presente-do-indicativo-do-verbo-ser, nem algumas asserções, nem alguns superlativos (ou o contrário), fica aqui desde já declarado que todas as afirmações são para tomar cum grano salis (com um grãozinho de sal). Com uma porção de antídoto. Pratique-se a dúvida sistemática. Se o exercício da dúvida produz maus anúncios, pode, em contrapartida, gerar melhores escritores.
O acaso, por seu lado, costuma intrometer-se a baralhar uma situação em que milagres e genialidades já causaram os seus problemas. Mas se o acaso intervém na História das Civilizações porque não há-de fazer das suas na vida dos indivíduos? «Ele tem sorte?», perguntou Napoleão quando lhe sugeriram a promoção de certo militar a general. Nesse particular, nada se pode acrescentar, a não ser repetindo que a fortuna (um pseudónimo do acaso) ganha em ser ajudada. E até agradece.
Convém desfazer um equívoco logo à partida, e duma vez por todas. Quando falo em «escritor», refiro-me aos ficcionistas, com vénia aos dramaturgos e aos poetas. Ponto. A razão da advertência é que, no mundo de língua inglesa, writer designa quem quer que tenha como ocupação o escrever (não digo «a escrita» para não misturar no caso os contabilistas). Vale para a publicidade, guionismos vários, didascálias de banda desenhada, receitas de cozinha, bricolage, legendas de fotografias, ou aconselhamento psicológico. Por isso ficamos perplexos quando, ao lado, por exemplo, dos mandamentos de Henry Miller nos aparecem os palpites dos gurus da publicidade. Naquele universo cultural são todos «escritores». Escusaria de fazer esta precisão se não tivesse verificado que, ao toque duma pressão cultural suserana, algumas pessoas com voz pública dão mostras de traduzir à letra do inglês.
Se isto é assim com o inglês (já aconteceu, em tempos, doentiamente, com o francês), tremo do que acontecerá quando os modelos inspiradores começarem a exprimir-se em mandarim.
Já agora, com a mão na massa, convém lembrar que o uso de expressões latinas, como outras de línguas alheias – inevitáveis –, não pretende ser exibição de sabença. Aliás, manda um velho preceito de origem aristocrática que, em se sabendo latim, é de bom-tom não o exibir. Por maioria de razão, quando não se sabe, que é o meu caso.
Quando escrevemos in medias res ou quod erat demonstrandum ou ad lib repetimos tão-somente fórmulas reiteradas e consabidas, de uso universal, que atalham problemas e poupam algumas prolixidades.
Ainda a propósito das receitas criativas, lembro a resposta que teria dado Alexandre Dumas, filho (A Dama das Camélias), quando lhe perguntaram o melhor método de escrever uma peça de teatro: «Não tem dificuldade», respondeu o dramaturgo. «Compre um caderno, forre-o muito bem e na primeira linha escreva 1.º Acto. Quando chegar ao fim do caderno, a peça está pronta.»
Eu vou ser mais generoso na demonstração, embora, se calhar, menos imaginativo na fórmula e menos competente na escrita. Mas uma coisa posso garantir. Pensar que se fica apto a escrever depois de ler um compêndio de escrita criativa é a mesma coisa que julgar que se passa a dominar uma língua após ter comprado um dicionário.»
Truman Capote e Harper Lee.
Ele nunca dava o seu lugar no sofá.
Gustrave Flaubert e um bigode.
Do álbum Présence Humaine, 2000.
Kurt Vonnegut, no intervalo da escrita,
analisando ao pormenor a sua conta de whisky.
Para a The New Republic, «Amazon is the shining representative of a new golden age of monopoly that also includes Google and Walmart. Unlike U.S. Steel, the new behemoths don’t use their barely challenged power to hike up prices. They are, in fact, self-styled servants of the consumer and have ushered in an era of low prices for everything from flat-screen TVs to paper napkins to smart phones».
Desculpem, mas preferimos esta imagem de Emma Watson.
Será a 5 de fevereiro, em todo o mundo — a noite Harry Potter, destinada a celebrar as histórias e os personagens de J.K. Rowlling. Tudo a partir dos livros: The Harry Potter Book Night. Aprendam.
The Narrow Road to the Deep North, do australiano Richard Flanagan, 53 anos, é o Man Booker Prize de 2014. a
No The Daily Telegraph: «“In trying to escape the fatality of memory,” Richard Flanagan writes towards the end of his Man Booker-winning novel The Narrow Road to the Deep North, “he discovered with an immense sadness that pursuing the past inevitably leads to greater loss.” The “he” in that sentence is Dorrigo Evans, the book’s Tasmanian protagonist, a surgeon who has seen the horrors of a Japanese Prisoner of War camp on the Thai-Burma Death Railway.»
No The New York Times, no ano em que os autores americanos foram pela primeira vez admitidos a concurso: «Richard Flanagan, who was honored for “The Narrow Road to the Deep North,” is the third Australian to win the prize.»
No The Bookseller: «The winner of the £50,000 award was announced this evening at a ceremony at London's Guildhall, relayed live on BBC TV News.»
O discurso de Richard Flanagan ontem à noite.
No The Guardian.
A lista dos Booker e recensões dos livros premiados desde 1969.
A lista dos nomeados deste ano — e a shortlist.
São estes os cinco finalistas ao Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (APE) 2013:
Afonso Cruz, Para onde vão os Guarda-Chuvas
Ana Margarida Carvalho, Que Importa a Fúria do Mar
António Mega Ferreira, Cartas de Casanova
Nuno Júdice, A Implosão
Valter Hugo Mãe, A Desumanização