Continuemos a aventura dos shelfies: Eis como se representa, também, o amor pelos livros no Museu de Arte da Bahia, em Salvador. À vista desarmada, trata-se de uma estante com arrumação perfeita — demasiado perfeita — de livros que gostaríamos de ter, de folhear e, depois, de ler. Bom, mas depois aproximamo-nos:
A beleza dos livros continua intacta, e apetece cada vez mais folheá-los, apreciando as lombadas de encadernações bem tratadas. Aproximemo-nos mais ainda:
Precisamente: não se trata de livros — mas de amostras de madeiras brasileiras, talhadas como livros, nas suas cores naturais ou preparadas com óleos naturais, e feitas para se parecerem com livros. Uma ilusão que não desfavorece os livros:
Foi já publicado o habitual estudo sobre hábitos de leitura da população americana, realizado pelo Pew Research Center,, em colaboração com a universidade de Princeton — desta vez especialmente centrado na evolução do e-book e das suas plataformas (tablet, e-reader, smartphone ou computador), dados que publicaremos em breve. Para já, dois dos principais quadros; o primeiro, sobre a percentagem de leitores (que leem pelo menos um livro por ano) que prefere livro em papel, e-book ou audiobook:
Depois, o quadro final sobre o «typycal american» e os seus hábitos de leitura:
No The New York Times («Literary City, Bookstore Desert»), histórias do despovoamento de Manhattan: os altíssimos preços do espaço estão a levar livreiros para a periferia. Algumas experiências resultam muito bem.
Há rumores de que a editora Albin Michel terá proposto a Valérie Trierweiler um adiantamento de 100,000€ por um livro sobre a sua experiência como primeira dama no Eliseu. A ex-companheira de François Hollande, jornalista do Paris-Match, ainda não confirmou ter aceite a proposta. Mas ela sabe escrever — e não falta matéria.
Nenia Campbell, 25 anos, 10 livros publicados (bebida preferida, limonada; comida preferida, japonesa e tailandesa — sabemos tudo) — fixe este nome: nos últimos doze meses escreveu 1461 recensões, uma média de 30 livros lidos por semana. Evidentemente, está no topo dos leitores do GoodReads (que, recorde-se, foi comprado pela Amazon). O Washington Post dedicou-lhe um artigo, mas ninguém lhe perguntou: aos 25 anos, o que é que ainda não fizeste, Nenia?
No centenário do nascimento de Marguerite Donnadieu, aliás Marguerite Duras (Saigão, 4 de abril de 1914 — Paris, 3 de março de 1996), as comemorações e edilções começam esta semana em França.
O presidente da Bertelsmann, Thomas Rabe, anunciou em Berlim um lucro de 870 nas suas operações de 2013, e uma faturação prevista de 17 mil milhões de euros para 2014 (16,4M€ em 2013). Entre os principais ativos do grupo estão os negócios de edição (grupo Penguin Random House), televisão (RTL) e imprensa (grupo Grüne & Jahr). O negócio que mais cresceu foi o da área de educação (especialmente o de educação para adultos).
Um estudo de cardiologistas, apresentado no sábado passado, numa conferência nos Estados Unidos, revelou um aumento nos ataques cardíacos na segunda-feira seguinte à mudança para a hora de verão — o que acontece hoje. Leiam, descontraiam, deixem o dia passar.
> de Lara Pendergast, no Spectator, «A selfie isn't a form of protest, it's a form of narcissism»;
> no The Economist, «Know thy selfie», sobre dois livros recentemente publicados: Mirror, Mirror: The Uses and Abuses of Self-Love, de Simon Blackburn (Princeton University Press, 209 págs.), e The Americanization of Narcissism, de Elizabeth Lunbeck (Harvard University Press, 367 págs), com este aviso: «It is time to stop invoking narcissism in the diagnosis of so many modern ills. Self-love has its virtues.»
> de Frances Spalding, no The Guardian, sobre o livro The Self-Portrait: A Cultural History, de James Hall (Thames & Hudson, 288 págs., a publicar a 20 de Abril próximo)
A proposta vem na Spectator: em vez de selfie, optemos por shelfie, ou seja retratos das nossas estantes de livros. No Twitter, use-se a tag #shelfie. As primeiras propostas foram a da British Library e a da Bodleian, como se segue:
Gustavo Rubim, professor da Universidade Nova, a psiquiatra Luísa Vicente e Tiago Bartolomeu Costa, crítico de teatro do Público, com moderação de Anabela Mota Ribeiro, respondem a perguntas tão simples como «Que tem Shakespeare que faz dele um autor tão actual?» ou «Porque é que as suas palavras nos tocam, em tantos sentidos?»
É hoje, 13 de Março, às 18.30, na Livraria Bertrand do Chiado, em Lisboa.
LER NO CHIADO é uma iniciativa da revista LER e da Bertrand
— todos os meses, na livraria do Chiado, em Lisboa.
É o seguinte o texto do comunicado da direção da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, APEL, sobre a Feira do Livro do Porto:
«A Câmara Municipal do Porto (CMP) anunciou, em comunicado, no passado dia 5 de março, que a cidade do Porto “vai ter Feira do Livro em 2014”, assumindo-se como a única entidade organizadora do evento.
A APEL – Associação Portuguesa de Editores e Livreiros lamenta a decisão tomada pela CMP de não realizar a Feira do Livro do Porto com a APEL.
Para evitar que se repetisse a enorme desilusão do ano passado, em que, pela primeira vez ao fim de mais de 80 anos, não se realizou a Feira do Livro do Porto, a APEL tomou a iniciativa de contactar a CMP no sentido de se assegurar a realização deste evento já este ano, considerando também as edições futuras.
A APEL foi sempre sensível às dificuldades apresentadas pela CMP. Por isso dispôs-se a organizar a edição de 2014 por sua conta e risco, sem contrapartidas financeiras da Câmara, pese embora o investimento que esta Associação está a fazer em novos pavilhões para proporcionar um maior conforto dos visitantes.
Em contrapartida, a Câmara comprometia-se a assinar um protocolo plurianual que garantisse o apoio financeiro, a partir de 2015, para as edições futuras. A proposta de protocolo foi entregue em devido tempo pela APEL à CMP.
A CMP veio por sua iniciativa a público anunciar que a APEL organizaria este ano a Feira do Livro do Porto sem apoio financeiro da edilidade, não referindo a proposta de protocolo, pelo que aguardámos pela confirmação da sua aceitação.
As Feiras do Livro são, sempre foram, a maior montra da edição portuguesa. É uma oportunidade única para editores promoverem os seus autores e divulgarem todos os livros (muitos deles já distantes das prateleiras das livrarias) e é por isso que a generalidade dos editores faz questão de marcar presença, pese embora o reduzido interesse comercial, dada a pouca expressão que estes eventos representam em termos de vendas, e aos elevados custos da operação.”
No interesse dos autores, editores e livreiros, mas sobretudo dos leitores, a APEL estará sempre disponível para encontrar soluções que viabilizem a realização da Feira do Livro do Porto.»
«Resta ainda no mundo alguma liberdade. É verdade que muitos não parecem valorizá-la. Mas alguns de nós ainda acreditam que, sem a liberdade, os seres humanos não se podem tornar plenamente humanos e que, por conseguinte, a liberdade tem um valor supremo. Talvez as forças que agora a ameaçam sejam demasiado poderosas para que se lhes possa resistir durante muito tempo, mas temos o dever de fazer tudo o que pudermos para as contrariar.» Todo um programa. A edição é da Antígona.
Sexo, drogas e rock’n rolll, para não ir mais longe — e agora Keith Richards, o dos Rolling Stones, vai mesmo publicar um livro infantil, com CD incluído (na edição e-book não será necessário): Gus & Me: The Story of My Granddad and My First Guitar. A filha, Theodora Dupree, 28 anos, deu uma ajuda. O livro sai em Setembro. Stop.
A Quercus, a editora britânica com a queda de faturação mais estranha na história recente da indústria (foi a editora responsável pelo lançamento de Stieg Larsson em inglês) pode ser comprada pela Amazon, explica a Publishers Weekley. O problema, nesse caso, pode ser o catálogo da Quercus, que além de Larsson, é muito pouco amazoniano...