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LER

Livros. Notícias. Rumores. Apontamentos.

LER prepara primeiro festival: livros, cinema e muito mais


O pretexto não podia ser melhor. Para celebrar os 25 anos, a revista LER prepara o seu primeiro festival: seis dias de cruzamentos entre cinema e literatura, numa parceria com a EGEAC e a Câmara Municipal de Lisboa.

De 4 a 9 de dezembro, as portas do Cinema São Jorge, em Lisboa, estarão abertas para a exibição de 25 filmes — seleção de Pedro Mexia —, debates, concertos, entrevistas, conferências, exposições, programas de rádio, contadores de histórias, entre outras propostas.

Mais detalhes sobre a programação do festival serão anunciados em setembro.

«Tarefas Infinitas – Quando a arte e o livro se ilimitam»

 

«Esta não é apenas uma exposição de livros, mas de obras de arte onde o livro tem uma presença determinante – pinturas, filmes, esculturas e instalações – numa montagem que aproxima livros iluminados medievais e obras de arte contemporâneas e livros ilustrados do século XVII ao lado de filmes ou livros conceptuais do século XX. Propõe-se, assim, uma reflexão sobre os limites da arte e do livro por vir. Mostra-se o livro enquanto laboratório de experiências estéticas, que abre um horizonte infinito de possíveis à arte, interrogando e alargando também a nossa conceção “segura” e tradicional de livro.» Exposição aberta ao público (três euros por entrada) de 20 de julho a 21 de outubro, no Museu Calouste Gulbenkian, com curadoria de Paulo Pires do Vale.

Obra Completa de Eugénio de Andrade reeditada pela Assírio & Alvim

 

Em outubro, com o volume que reúne Primeiros Poemas, As Mãos e os Frutos e Os Amantes sem Dinheiro, a Assírio & Alvim assinala o início da publicação da Obra Completa de Eugénio de Andrade. «Serão ainda editados», acrescenta a editora, «diversos livros que Eugénio de Andrade organizou e traduziu (García Lorca, Safo, Mariana Alcoforado e a antologia Trocar de Rosa), dois livros infantis (Égua Branca e Aquela Nuvem e Outras) e algumas antologias que preparou (Antologia de Poesia Portuguesa Contemporânea, Poemas Portugueses para a Juventude, Sonetos de Camões escolhidos por Eugénio de Andrade e Versos e Alguma Prosa de Luís de Camões.»

Gerrit Komrij (1944-2012)

 

Fernando Venâncio recorda o autor holandês que conheceu Portugal como muito poucos. E que um dia escreveu: «As pirâmides do Egipto hão-de ser realmente impressionantes, os jardins suspensos da Babilónia realmente assombrosos, que nada infunde tanto respeito como a burocracia portuguesa. A quem couber, regularmente, a honra de dar, olhos nos olhos, com os funcionários portugueses, esse apercebe-se da verdadeira necessidade de, querendo contar o que se passa nas repartições às pobres almas que nunca se acharam em tal estado de graça, fazê-lo muito doseado e de maneira deploravelmente atenuada. Caso contrário, muito simplesmente não acreditarão nele. Numa descrição da burocracia portuguesa, nada soa mais inacreditável que a verdade inteira.» Um Almoço de Negócios em Sintra, Gerrit Komrij, ASA, outubro de 1999

Crónica de um «bibliotecário-ambulante»

«26 de Junho 2006, numa tarde quente e sufocante sento-me ao volante da Bibliomóvel, pela 1ª vez e ao ligar a chave de ignição, transporto-me por instantes a um passado não muito longínquo, até aos meus 12/13 anos.
Sonhador como qualquer criança daquela idade, passava diariamente pelo parque de estacionamento, onde descansava a “carrinha esquisita dos livros”, denominação da Biblioteca Itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian e imaginava função para tão estranho veículo.
Apaixonado pelos livros e pela leitura e sonhador como qualquer criança de 12/13 anos, olhava e observava tamanha aberração automobilística, mas carregada de tanto sentido (pela sua carga valiosa) e imaginava como seria interessante transportar letras, palavras, imagens por estradas, terras e gentes e poder viver disso.
26 de Junho 2012, tarde muito quente e sufocante ao sentar-me pela enésima vez ao volante da Bibliomóvel e ao ligar a chave de ignição, para partir em direcção a rota que inaugurou este serviço, há precisamente 6 anos atrás (Alvito da Beira/Sobrainhos dos Gaios), assaltam-me a memória as histórias/estórias, as pessoas, os utilizadores, os Amigos, as estradas, as terras, as memórias/recordações, os silêncios, as conversas, as saudades, as perdas, os ganhos, as vitórias e as derrotas, os saberes, os sabores, os sentires que são a essência das andanças da Bibliomóvel e do bibliotecário-ambulante por Proença-a-Nova.
Tudo isto e muito mais fazem parte do meu quotidiano e da imensa honra que tenho em perpetuar um enorme legado, que vejo com satisfação ressurgir e renascer um pouco por todo o país.»
Texto de Nuno Marçal para assinalar seis anos «de andanças» ao volante do Bibliomóvel. 

T-shirt LER

 

A T-shirt oficial dos 25 anos da LER está disponível para todos os leitores por um preço de 13 euros (portes de envio incluídos para território nacional). Para tal, os interessados devem enviar um e-mail para o endereço do costume (ler@circuloleitores.pt) ou telefonar para Maria José Pereira (217626115), indicando o nome, morada e tamanho pretendido. Tudo a postos para o verão. As encomendas continuam a chegar!

Um lugar nos olhos

 

Título da exposição de Luis Manuel Gaspar inaugurada hoje na Biblioteca Nacional. Entrada livre até 31 de agosto: «O estilo minucioso de Luis-sem-acento tem como assinatura a tinta-da-china e o aparo fino, tão fino como a sua elegância. Não dá um passo sem sépia. Mas a gama de cor, por exemplo nas citadas bandas desenhadas (publicadas no jornal Viva Voz e na revista Ler) onde o poema corre como arrepio suscitando variações do olhar sobre sítio significante em modo disléxico e não ilustrativo, torna-se personagem. Pela intensidade da paleta generosa e densa, as texturas, a luz, os céus acontecem mais reais que o real. Como na poesia que também pratica, o museu naturalmente de Luis enche de carne e veias o farol assim como dá ao granito a leveza do veludo.»

Julian Barnes, bibliófilo

 

I am more optimistic, both about reading and about books. There will always be non-readers, bad readers, lazy readers – there always were. Reading is a majority skill but a minority art. Yet nothing can replace the exact, complicated, subtle communion between absent author and entranced, present reader. Nor do I think the e-reader will ever completely supplant the physical book – even if it does so numerically. Every book feels and looks different in your hands; every Kindle download feels and looks exactly the same (though perhaps the e-reader will one day contain a "smell" function, which you will click to make your electronic Dickens novel suddenly reek of damp paper, fox marks and nicotine).

Books will have to earn their keep – and so will bookshops. Books will have to become more desirable: not luxury goods, but well-designed, attractive, making us want to pick them up, buy them, give them as presents, keep them, think about rereading them, and remember in later years that this was the edition in which we first encountered what lay inside. I have no luddite prejudice against new technology; it's just that books look as if they contain knowledge, while e-readers look as if they contain information. My father's school prizes are nowadays on my shelves, 90 years after he first won them. I'd rather read Goldsmith's poems in this form than online.

Excerto do artigo «My Life as a Bibliophile», de Julian Barnes, publicado no The Guardian