«Um dos fenómenos que explica a ausência de revolta e do respectivo grito é que os papás estão a aguentar. Se há agora uma geração precarizada ela está a pagar, de certa maneira, o preço do apaparicamento que a geração dos papás – inclusive a minha – teve. Houve realmente oportunidades que nunca ninguém tinha tido em Portugal e provavelmente não vai voltar a ter tão cedo.»
[Manuel Villaverde Cabral, entrevistado por Carlos Vaz Marques]
MANUEL VILLAVERDE CABRAL DISCURSO ALTERNATIVO Sociólogo, historiador e cientista político, dedica-se há décadas ao estudo da sociedade portuguesa. Mesmo em tempo de crise, falta um discurso credível alternativo ao statu quo vigente, diz Villaverde Cabral. Não é um lamento, é uma constatação. Porque a conclusão seguinte é a de que esse discurso global alternativo não é possível e talvez nem sequer desejável.
20 LIVROS PARA ENCARAR O ABISMO Não há soluções milagrosas, caminhos de sentido obrigatório ou conclusões definitivas. A diversidade de pensamento de Fernando Savater, Gilles Lipovetsky, Tony Judt, Robert Fisk, George Steiner, Eduardo Lourenço, Slavoj Zizek ou Peter Sloterdijk oferece várias propostas para enfrentar a encruzilhada. Esta e outras.
BARACK OBAMA RETRATO DO ANTICRISTO ENQUANTO JOVEM Nunca a fé em Obama esteve tão em crise. Dois anos após a tomada de posse do 44º presidente dos Estados Unidos, o que podemos ainda esperar do homem que um dia quis ser escritor e cuja biografia mais completa é assinada por David Remnick, editor da New Yorker? «A tendência instintiva de Obama para o compromisso diluído criou um vazio simbólico», conclui Rogério Casanova.
JOHN M. KEYNES O MESTRE E A DONA DE CASA Setenta anos depois, as teses do famoso economista inglês regressam ao debate político. Ponto de partida para uma discussão em aberto com três novas edições.
DICIONÁRIO PARA QUEM QUER SAIR DA CRISE O tempo não está para brincadeiras. Em 45 entradas (um pouco mais) a salvação possível num mosaico composto por Gisele Bündchen, OuLiPo, surtos de violinistas, reparação de torneiras, ginastas de leste, legiões de pombos, petróleo na costa algarvia ou o canal de televisão de Medina Carreira.
Desde que o apelo foi feito e renovado, um pouco mais de 450 leitores votaram – o que começou timidamente terminou em pequena avalanche – para eleger os livros do ano, entre romance, não-ficção ou poesia. Foi o caso de Andreia Moreira, Jorge Fernandes da Silveira, João Dias, Miguel Almeida, Carmen Zita Ferreira, João Ribeiro, António Conceição, Albertino Ferreira, Maria Teresa Pinheiro, Joana Alarcão – por aí fora. Não havia longlists, favoritos à partida ou direitos adquiridos. Os leitores escolheram, está escolhido e publicado na página 5 da edição de Janeiro da LER. E fique o leitor descansado, que durante os próximos meses será novamente chamado a pronunciar-se sobre os livros de cada trimestre de 2011.
Não há melhor pretexto: no mês em que a LER chega ao n.º 100 marcamos novo encontro à mesa. Detalhes, informações e provocações gastronómicas serão publicados brevemente aqui e na revista.
Actualizado Carlos da Veiga Ferreira já não pertence aos quadros da Editorial Teorema, casa de que foi fundador e editor durante mais de duas décadas — cessando também toda a colaboração com o grupo Leya. A Teorema (que daqui em diante será dirigida por José Oliveira) foi integrada pela Leya juntamente com as editoras do grupo Oficina do Livro/Explorer, a quem Carlos da Veiga Ferreira vendera a sua editora meses antes.
Um dos mais importantes e prestigiados editores literários independentes, Carlos Veiga Ferreira publicou em Portugal autores tão diversos como Italo Calvino, Jorge Luis Borges, Vladimir Nabokov, Primo Levi, Patricia Highsmith ou Brett Easton Ellis — mas também história (Fernand Braudel, Jacques Le Goff, Philippe Ariès ou Georges Duby), ciências sociais, poesia e literatura juvenil (Sempé). Formado em Ciências Sociais, Veiga Ferreira foi também presidente da União dos Editores Portugueses (UEP) e — aspecto menos conhecido — tradutor de Duby, Braudel, José Luis Sampedro, Ramón del Valle-Inclán ou o cartoonista argentino Quino.
Na edição online do Público, assinada por Sérgio C. Andrade: «O próprio Carlos da Veiga Ferreira confirmou ao PÚBLICO a sua saída – que tinha sido avançada no blogue da revista “Ler” –, justificando a sua decisão por “uma questão de dignidade pessoal e profissional”. “O contrato que a editora me propunha incluía deixar de ser administrador e passar a editor, o que para mim não era importante, mas já não podia aceitar a redução do meu vencimento para 46 por cento do valor que estava estipulado”, justificou Carlos da Veiga Oliveira, admitindo que a sua saída “não foi pacífica”. Mas não quis especificar que medidas já tomou, ou vai tomar, para defender os seus interesses no processo, já que, recorda, o seu contrato não chegou ainda ao fim.»
De José Menezes, director de comunicação do grupo Leya, recebemos o seguinte esclarecimento, que está já introduzido no corpo da nossa notícia: «No blog da revista Ler, na notícia […] sobre a saída do Carlos Veiga Ferreira, lê-se “a Teorema (que daqui em diante será diluída na chancela Texto)”. Essa informação não corresponde à realidade pelo que peço que a mesma seja corrigida: a Teorema continuará a existir como uma das editoras da LeYa.»
Mais de duzentos leitores já votaram. Por isso, repetimos: até amanhã diga-nos qual é para si o livro do ano através do e-mail ler@circuloleitores.pt. Publicaremos a lista dos dez mais votados pelos leitores (ficção e não-ficção) na edição de Janeiro da LER. Passe palavra.
Aprendí a leer a los cinco años, en la clase del hermano Justiniano, en el Colegio de la Salle, en Cochabamba (Bolivia). Es la cosa más importante que me ha pasado en la vida. Casi setenta años después recuerdo con nitidez cómo esa magia, traducir las palabras de los libros en imágenes, enriqueció mi vida, rompiendo las barreras del tiempo y del espacio y permitiéndome viajar con el capitán Nemo veinte mil leguas de viaje submarino, luchar junto a d'Artagnan, Athos, Portos y Aramís contra las intrigas que amenazan a la Reina en los tiempos del sinuoso Richelieu, o arrastrarme por las entrañas de París, convertido en Jean Valjean, con el cuerpo inerte de Marius a cuestas.
A tradução portuguesa do livro de Barack Obama, lançado há poucas semanas nos Estados Unidos, chega às livrarias a 10 de Dezembro. Treze histórias contadas em 44 páginas sobre figuras da História dos EUA, como Abraham Lincoln, Billie Holliday ou Helen Keller. Edição Alêtheia.