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Livros. Notícias. Rumores. Apontamentos.

Noah Gordon e o fim dos romances

O escritor norte-americano Noah Gordon (n. 1926), publicado em Portugal pela Bertrand, garante que não vai escrever mais romances. «Já não voltarei a começar um novo romance apesar de com o passar dos anos ter cada vez mais ideias, mas as minhas obras têm entre 500 e 700 páginas e seria muito aborrecido morrer e ficar pelas 250», afirmou à edição alemã da revista Vanity Fair.

Pré-publicação: o novo romance de João Tordo

 

Estas são as primeiras páginas de As 3 Vidas, o novo livro de João Tordo, o autor de Hotel Memória. Edição da Quid Novi em Setembro.

 

«Ainda hoje, sempre que o mundo se apresenta como um espectáculo enfadonho e miserável, sou incapaz de resistir à tentação de relembrar o tempo em que, por força da necessidade, fui obrigado a aprender a difícil arte do funambulismo. Esses anos, que considero terem sido excepcionais — e, ocasionalmente, marcados por acontecimentos funestos —, deixaram-me num estado de melancolia crónica no qual, embora dele tenha procurado escapar, acabo inevitavelmente por voltar a cair. Esta melancolia, por vezes, resvala para o desespero, mas não vamos por aí; não é altura para, ao contrastar a minha existência actual com aquilo que em tempos foi, me deixar consumir pelo passado. Bastará dizer que não recordo um tempo em que a vida tenha sido particularmente feliz, mas que sou incapaz de esquecer cada hora que passei na companhia de António Augusto Millhouse Pascal.
Há dois anos, uma notícia num jornal dava conta de um leilão onde, entre outros objectos, iriam ser licitados os documentos encontrados na casa do falecido jardineiro deste homem para quem trabalhei há mais de duas décadas. Quando soube, fiquei imediatamente apreensivo e, ao imaginar as consequências, quase furioso — é inevitável que a pessoa que arrecadou o lote acabe por remexer nos arquivos que eu compilei e mantive durante aquele ano na Quinta do Tempo e, se os observar com alguma atenção, acabe por chegar a conclusões que nada têm a ver com aquilo que verdadeiramente aconteceu. Surpreende-me, aliás, que isso ainda não tenha sucedido; que a reputação do meu antigo patrão ainda não tenha sido manchada, o seu nome usado erradamente, em detrimento da verdade.
A ignorância a respeito deste homem impera. Não se pode dizer que essa ocorrência seja estranha, uma vez que, a partir de uma certa altura da sua vida, se relacionou apenas com figuras influentes de uma esfera privada. Os que o conheceram superficialmente e se recordam do seu nome terão dele uma imagem deturpada — por ter escondido a verdadeira natureza da sua obra, poderá um dia ser vítima do escárnio daqueles que preferem amaldiçoar a manifestar incompreensão. Millhouse Pascal, filho de mãe inglesa e pai francês, nascido em Portugal mas errante durante grande parte da sua vida — em Espanha durante a Guerra Civil, na Inglaterra nos tempos de Churchill, vivendo nos Estados Unidos após a queda do nazismo —, parece ter estado em toda a parte e em lado nenhum, uma sombra à margem dos acontecimentos e, contudo, posso assegurar-lhes, uma parte determinante destes. Se, nos próximos tempos, surgirem versões rocambolescas acerca das suas actividades, é porque estas ficaram no segredo dos que com ele privaram e que com ele conheceram a dedicação de um asceta; os restantes irão apelidá-lo de místico, excêntrico e, quem sabe, burlão.
Também eu nada sabia sobre ele. A minha juventude, porém, permitiu-me experimentar coisas em que hoje me recusaria a acreditar, se me fossem apenas contadas. Custou-me o resto da minha patética existência, é certo, mas tive a oportunidade de viver em sua casa e de observar com os meus próprios olhos os seus métodos e a maneira prodigiosa como conseguiu transfigurar a realidade e influenciar — quase poderia dizer manipular — os que, ao longo daquele tempo, recorreram aos seus serviços. Pouco tempo depois do leilão, uma jornalista do Diário de Notícias que fazia uma reportagem sobre os casos em aberto da Polícia Judiciária interessou-se pela história oculta deste homem e, através de fontes que não quis desvelar, veio ter comigo, abordando-me à maneira petulante e lisonjeira dos repórteres — defeito da profissão pelo qual não a posso julgar. Agora que o homem está morto, disse-lhe, não vejo qualquer problema em contar-lhe tudo, e assim o fiz. Falámos durante três horas, e dei por mim a desbobinar a história dos últimos anos da sua vida que estava, compreendi então, indissociavelmente ligada à minha, à sua família, a Camila, a Gustavo, a Nina, a Artur, e à viagem que, em 1982, acabou por selar aquilo de que eu vinha suspeitando há tanto tempo, isto é, a nossa inaptidão para continuar a viver a vida de todos os dias depois de certas coisas acontecerem. Não me parece que a jornalista — que era uma rapariga nova, com a curiosidade dos aprendizes — tenha acreditado na maior parte das coisas que lhe contei. Perguntou-me constantemente se podia apresentar provas mas, como irão descobrir, não foi possível conservar quaisquer documentos desses dias — para além daqueles que se encontram em lugar e mãos desconhecidos — e respondi-lhe que, a ser publicada a história, teria de o fazer de boa fé. Passaram-se dois anos, comprei o jornal todos os dias, e nem uma linha apareceu sobre o assunto.
Fui compreendendo, no tempo que passou desde a entrevista, que deixar um relato da minha experiência era uma necessidade. O que foi verdade e o que é, inevitavelmente, ficcionado, devido aos limites da memória, não importa — em última análise, a própria realidade é objecto de ficção. O mais importante é libertar-me dos fantasmas, pois acarreto com as sombras de todas as coisas a que não tive coragem para colocar um fim. Isso reflecte-se, sobretudo, nos meus sonhos: ao contrário da crença habitual, não me parece que os sonhos sejam o espelho dos nossos desejos; cá para mim, acho que os sonhos são o espelho dos nossos horrores, dos nossos piores medos, da vida que poderíamos ter tido se, numa altura ou noutra, não fôssemos incomensuravelmente cobardes.»

 

Mais informações sobre o livro no blogue de João Tordo.
 

Portal da Língua Portuguesa deve ser criado até ao fim do ano

A promessa é de Juca Ferreira, novo ministro brasileiro da Cultura, depois de uma reunião com José António Pinto Ribeiro. «Demos hoje um passo importante, na medida em que os dois ministros concordaram sobre a importância deste portal, cuja criação já foi decidida no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Vamos agora disponibilizar os meios e criar os mecanismos de realização», afirmou.

Entrevista com Margarida Rebelo Pinto

Agora online, a entrevista com Margarida Rebelo Pinto, publicada na edição 71 da LER:

 

Acabou tudo em bem. Com uma despedida cordata e um convencional «até qualquer dia». Apesar de Margarida Rebelo Pinto ter chegado a interromper a entrevista a meio, lançando a mão direita ao gravador, desligando-o abruptamente, num gesto nervoso. Estamos na esplanada do Centro Cultural de Belém. O local foi escolhido pela escritora. Está sol. A intervalos regulares eleva-se o ronco do comboio da Linha, quase abafando as vozes. Enquanto espero que a tensão se dissipe, depois do episódio do gravador, Margarida põe os óculos escuros, espelhados, em que hei-de ver-me reflectido até ao fim da conversa. Três anos depois de ter interposto uma acção judicial, que perdeu, contra um professor universitário que a criticou, o «Caso Couves e Alforrecas» continua, aparentemente, por sarar. Na altura em que publica o 14º livro desde que se estreou, em 1999, com o romance Sei lá, Margarida Rebelo Pinto considera-se uma mulher diferente depois do AVC que sofreu há cerca de um ano. E uma escritora mais madura. Português Suave, o novo romance, já fala do passado, faz questão de sublinhar. Como faz questão de sublinhar que já ultrapassou a meta, a que se tinha proposto, de vender mais de um milhão de exemplares dos seus livros. Embora o sucesso – reconhece – seja um bem perecível.

 

Leia aqui, na íntegra, a entrevista de Carlos Vaz Marques.

O novo romance de José Saramago

A informação é do blog de José Saramago: o escritor terminou A Viagem do Elefante, o seu novo romance. Escreve Pilar del Rio:

 

«A viagem do elefante é um livro coral onde as personagens entram, saem e se renovam de acordo com as peculiares exigências narrativas que o autor se impôs e lhes impôs. O elefante e o seu cornaca têm nome, como outras personagens que figuram nos manuais de história, embora apareçam também pessoas anónimas, gente com quem os membros da caravana se vão cruzando e com quem partilham perplexidades, esforços, ou a harmoniosa alegria de um tecto depois de tantas noites dormidas à intempérie.
Apesar de não se tratar de um livro volumoso, andará pelas 240 páginas, poderemos reconhecer nelas a imaginação de Saramago, a compaixão solidária, esse sentimento que, sendo expressado literariamente, é sobretudo humano. Ele atravessa toda a obra, distingue-a e significa-a. Encontraremos igualmente o humor que o escritor emprega para salvar-se a si mesmo e para que o leitor possa penetrar no labirinto de humanidades em conflito sem ter de abjurar da sua condição indagadora de humano e leitor. Como sempre, encontrar-nos-emos com a ironia, o sarcasmo, a beleza em estado puro, a responsabilidade de escrever, a felicidade de ter escrito.»

 

E assim começa o romance:

 

Não há vento, porém a névoa parece mover-se em lentos turbilhões como se o próprio bóreas, em pessoa, a estivesse soprando desde o mais recôndito norte e dos gelos eternos. O que não está bem, confessemo-lo, é que, em situação tão delicada como esta, alguém se tenha posto aqui a puxar o lustro à prosa para sacar alguns reflexos poéticos sem pinta de originalidade. A esta hora os companheiros da caravana já deram com certeza pela falta do ausente, dois deles declararam-se voluntários para voltar atrás e salvar o desditoso náufrago, e isso seria muito de agradecer se não fosse a fama de poltrão que o iria acompanhar para o resto da vida, Imaginem, diria a voz pública, o tipo ali sentado, à espera de que aparecesse alguém a salvá-lo, há gente que não tem vergonha nenhuma. É verdade que tinha estado sentado, mas agora já se levantou e deu corajosamente o primeiro passo, a perna direita adiante, para esconjurar os malefícios do destino e dos seus poderosos aliados, a sorte e o acaso, a perna esquerda de repente duvidosa, e o caso não era para menos, pois o chão deixara de poder ver-se, como se uma nova maré de nevoeiro tivesse começado a subir. Ao terceiro passo já não consegue nem sequer ver as suas próprias mãos estendidas à frente, como para proteger o nariz do choque contra uma porta inesperada. Foi então que uma outra ideia se lhe apresentou, a de que o caminho fizesse curvas para um lado ou para o outro, e que o rumo que tomara, uma linha que não queria apenas ser recta, uma linha que queria também manter-se constante nessa direcção, acabasse por conduzi-lo a páramos onde a perdição do seu ser, tanto da alma como do corpo, estaria assegurada, neste último caso com consequências imediatas. E tudo isto, ó sorte mofina, sem um cão para lhe enxugar as lágrimas quando o grande momento chegasse. Ainda pensou em voltar para trás, pedir abrigo na aldeia até que o banco de nevoeiro se desfizesse por si mesmo, mas, perdido o sentido de orientação, confundidos os pontos cardeais como se estivesse num qualquer espaço exterior de que nada soubesse, não achou melhor resposta que sentar-se outra vez no chão e esperar que o destino, a casualidade, a sorte, qualquer deles ou todos juntos, trouxessem os abnegados voluntários ao minúsculo palmo de terra em que se encontrava, como uma ilha no mar oceano, sem comunicações. Com mais propriedade, uma agulha em palheiro. Ao cabo de três minutos, dormia. Estranho animal é este bicho homem, tão capaz de tremendas insónias por causa de uma insignificância como de dormir à perna solta na véspera da batalha. Assim sucedeu. Ferrou no sono, e é de crer que ainda hoje estaria a dormir se salomão não tivesse soltado, de repente, em qualquer parte do nevoeiro, um barrito atroador cujos ecos deveriam ter chegado às distantes margens do ganges. Aturdido pelo brusco despertar, não conseguiu discernir em que direcção poderia estar o emissor sonoro que decidira salvá-lo de um enregelamento fatal, ou pior ainda, de ser devorado pelos lobos, porque isto é terra de lobos, e um homem sozinho e desarmado não tem salvação ante uma alcateia ou um simples exemplar da espécie. A segunda chamada de salomão foi mais potente ainda que a primeira, começou por uma espécie de gorgolejo surdo nos abismos da garganta, como um rufar de tambores, a que imediatamente se sucedeu o clangor sincopado que forma o grito deste animal. O homem já vai atravessando a bruma como um cavaleiro disparado à carga, de lança em riste, enquanto mentalmente implora, Outra  vez, salomão, por favor, outra  vez. E salomão fez-lhe a vontade, soltou novo barrito, menos forte, como de simples confirmação, porque o náufrago que era já deixara de o ser, já vem chegando, aqui está o carro da intendência da cavalaria, não se lhe podem distinguir os pormenores porque as coisas e as pessoas são como borrões indistintos, outra ideia se nos ocorreu agora, bastante mais incómoda, suponhamos que este nevoeiro é dos que corroem as peles, a da gente, a dos cavalos, a do próprio elefante, apesar de grossa, que não há tigre que lhe meta o dente, os nevoeiros não são todos iguais, um dia se gritará gás, e ai de quem não levar na cabeça uma celada bem ajustada. A um soldado que passa, levando o cavalo pela reata, o náufrago pergunta-lhe se os voluntários já regressaram da missão de salvamento e resgate, e ele respondeu à interpelação com um olhar desconfiado, como se estivesse diante de um provocador, que havê-los já os havia em abundância no século dezasseis, basta consultar os arquivos da inquisição, e responde, secamente, Onde é que você foi buscar essas fantasias, aqui não houve nenhum pedido de voluntários, com um nevoeiro destes a única atitude sensata foi a que tomámos, manter-nos juntos até que ele decidisse por si mesmo levantar-se, aliás, pedir voluntários não é muito do estilo do comandante, em geral limita-se a apontar tu, tu e tu, vocês, em frente, marche, o comandante diz que, heróis, heróis, ou vamos sê-lo todos, ou ninguém. Para tornar mais clara a vontade de acabar a conversa, o soldado içou-se rapidamente para cima do cavalo, disse até logo e desapareceu no nevoeiro. Não ia satisfeito consigo mesmo. Tinha dado explicações que ninguém lhe havia pedido, feito comentários para que não estava autorizado. No entanto, tranquilizava-o o facto de que o homem, embora não parecesse ter o físico adequado, deveria pertencer, outra possibilidade não cabia, pelo menos, ao grupo daqueles que haviam sido contratados para ajudar a empurrar e puxar os carros de bois nos passos difíceis, gente de poucos falares e, em princípio, escassíssima imaginação. Em princípio, diga-se, porque ao homem perdido no nevoeiro imaginação foi o que pareceu não lhe ter faltado, haja vista a ligeireza com que tirou do nada, do não acontecido, os voluntários que deveriam ter ido salvá-lo. Felizmente para a sua credibilidade pública, o elefante é outra coisa. Grande, enorme, barrigudo, com uma voz de estarrecer os tímidos e uma tromba como não a tem nenhum outro animal da criação, o elefante nunca poderia ser produto de uma imaginação, por muito fértil e dada ao risco que fosse. O elefante, simplesmente, ou  existiria, ou não existiria. É portanto hora de ir visitá-lo, hora de lhe agradecer a energia com que usou a salvadora trombeta que deus lhe deu, se este sítio fosse o vale de josafá teriam ressuscitado os mortos, mas sendo apenas o que é, um pedaço bruto de terra portuguesa afogado pela névoa onde alguém (quem) esteve a ponto de morrer de frio e abandono, diremos, para não perder de todo a trabalhosa comparação em que nos metemos, que há ressurreições tão bem administradas que chega a ser possível executá-las antes do passamento do próprio sujeito. Foi como se o elefante tivesse pensado, Aquele pobre diabo vai morrer, vou ressuscitá-lo. E aqui temos o pobre diabo desfazendo-se em agradecimentos, em juras de gratidão para toda a vida, até que o cornaca se decidiu a perguntar, Que foi que o elefante lhe fez para que você lhe esteja tão agradecido, Se não fosse ele, eu teria morrido de frio ou teria sido comido pelos lobos, E como conseguiu ele isso, se não saiu daqui desde que acordou, Não precisou de sair daqui, bastou-lhe soprar na sua trombeta, eu estava perdido no nevoeiro e foi a sua voz que me salvou, Se alguém pode falar das obras e feitos de salomão, sou eu, que para isso sou o seu cornaca, portanto não venha para cá com essa treta de ter ouvido um barrito, Um barrito, não, os barritos que estas orelhas que a terra há-de comer ouviram foram três. O cornaca pensou, Este fulano está doido varrido, variou-se-lhe a cabeça com a febre do nevoeiro, foi o mais certo, tem-se ouvido falar de casos assim, Depois, em voz alta, Para não estarmos aqui a discutir, barrito sim, barrito não, barrito talvez, pergunte você a esses homens que aí vêm se ouviram alguma coisa. Os homens, três vultos cujos difusos contornos pareciam oscilar e tremer a cada passo, davam imediata vontade de perguntar, Onde é que vocês querem ir com semelhante tempo. Sabemos que não era esta a pergunta que o maníaco dos barritos lhes fazia neste momento e sabemos a resposta que lhe estavam a dar. Também não sabemos se algumas destas coisas estão relacionadas umas com as outras, e quais, e como. O certo é que o sol, como uma imensa vassoura luminosa, rompeu de repente o nevoeiro e empurrou-o para longe. A paisagem fez-se visível no que sempre havia sido, pedras, árvores, barrancos, montanhas. Os três homens já não estão aqui. O cornaca abre a boca para falar, mas torna a fechá-la. O maníaco dos barritos começou a perder consistência e volume, a encolher-se, tornou-se meio redondo, transparente como uma bola de sabão, se é que os péssimos sabões que se fabricam neste tempo são capazes de formar aquele maravilhas cristalinas que alguém teve o génio de inventar, e de repente desapareceu da vista. Fez plof e sumiu-se. Há onomatopeias providenciais. Imagine-se que tínhamos de descrever o processo de sumição do sujeito com todos os pormenores. Seriam precisas, pelo menos, dez páginas. Plof.

Pavese editado pela Quasi em Setembro

Lançamentos da Quasi para a rentrée: Férias de Agosto, de Cesare Pavese (tradução de Ana Hatherly), Pequena Enciclopédia da Noite, de Carlos Nejar, Os Esquilos de Long Island, de Jorge Reis-Sá, e Poemas Escolhidos, de Elio Pecora (tradução de Simonetta Neto). Lista completa até Dezembro.

Manuel da Silva Ramos está a escrever o novo romance

«O meu livro mais recente foi A Ponte Submersa [Dom Quixote], romance sobre o assassinato de três jovens raparigas de Santa Comba Dão por um cabo da GNR. Teve algum impacto mediático, mas não crítico. Isto é um paradoxo, mas no fundo já estamos habituados: temos uma crítica literária rarefeita. O nosso último crítico literário foi o Óscar Lopes. Recordo o Torcato Sepúlveda, um espírito superior cuja morte recente nos deixa mais pobres. Era um crítico certeiro, culto, informado, um espírito aberto. Foi o único que se referiu ao meu Adeusamália e Coisas do Vinho [Fenda].»

Leia na íntegra a secção O Próximo Livro, de José do Carmo Francisco. Publicada na edição 71 da LER.