Um poema de Nuno Moura
fico angústia
(a misteriosa quietude é afinal a passadeira de peões,
na rua em frente, sempre desocupada)
mas não te posso mudar a rota
até que choques contra mim
(a força das direcções contrárias leva-nos
aos dois para trás, voei um bom bocado
com a tua cabeça no meu peito)
de qualquer modo e se quiseres falar sobre isso,
traz a linguagem baixinho
estarei no bar esmeralda, como sempre,
segue o carreiro das pedras brancas
Nuno Moura, in Os Livros de [...], Mariposa Azual, 2000