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Livros. Notícias. Rumores. Apontamentos.

Claudio Magris entrevistado por Ana Sousa Dias

Esta é uma entrevista feita em tom de conversa, quase uma flânerie. Como quem não quer a coisa, irá aos temas queridos do escritor nascido em Trieste em abril de 1939 – um tempo de quase guerra – e que deseja que a Europa seja um «verdadeiro Estado». Iremos pelo mar – o Adriático, pois claro, e também o Atlântico de Lisboa – na companhia de Sandokan e de Ulisses, e também do maior amigo de Magris. Reconfortados pelos livros, pela leitura, pela escrita.

 

Aqui: 30_41_MAGRIS.pdf

Entrevista a Peter Sloterdijk

«La literatura alemana está muy viva. Durs Grünbein es un clásico vivo de la poesía y Enzensberger sigue conectando con el presente por mucho que habite desde hace tiempo en el Olimpo. Es cierto que no hay un escritor equivalente a Don DeLillo o a Philip Roth, pero Martin Walser está a la altura de Updike. El problema es otro, y lo sufren todas las literaturas del mundo: la marginalización. Internet es una revolución tan importante como la que produjo Gutenberg con la imprenta. Es cierto que los escritores siempre fueron una minoría, pero hasta ahora fueron una feliz minoría: seguían ocupando un lugar central. Habrá que ver si esa minoría de escritores, en un mundo que se rinde a Lady Gaga, seguirán siendo felices o empezaran a sentirse desdichados.» Entrevista completa do filósofo alemão no El País.

Franzen e a felicidade nos EUA

«Si algo caracteriza a los EE.UU. es la ausencia absoluta de un límite semejante, digamos, de lo “nacional”. Aquí uno puede ser lo que se le antoje. Los europeos, en cambio, han vivido muy cerca unos de otros por siglos y saben bien que uno no puede tener ni ser cualquier cosa que se le ocurra. Al final del día es inexorable que un francés se sienta... un francés. Esto no necesariamente es malo. Cuando miramos los estudios que miden la “felicidad relativa” en cada país, los EE.UU. ranquean muy bajo. Es un dato chocante en un país que promociona tanto la palabra libertad; es toda una refutación de que ésta nos hace felices.»

Entrevista de Jonathan Franzen à revista Ñ, autor do romance mais falado de 2010, cuja tradução portuguesa (Liberdade) será publicada pela Dom Quixote a 14 de Fevereiro. Leia um excerto do livro na LER de Janeiro, desde o início do mês nas bancas.

«Todos os meus livros têm esse outro mundo, que me é natural: o mundo do humor e da ironia»

«Quando terminei de escrever Aprender a Rezar na Era da Técnica estava de tal forma cansado que naturalmente fui escrever «Os Senhores» [da série «O Bairro»], que são coisas que me são naturais. Eu tenho naturalmente uma certa ironia, portanto tudo aquilo me é natural. Tenho, por vezes, a imagem de pessoa cerebral e pessimista e tal mas «O Bairro» é um outro mundo. E acho que todos os meus livros têm esse outro mundo, que me é natural: o mundo do humor e da ironia. Como se as palavras fossem coisas materiais e nós pudéssemos ver as costas das palavras, a parte de baixo das palavras; como se pudéssemos levantar a saia das palavras. Instintivamente, quando recebo uma frase, quando ouço uma frase, é como se me movimentasse em redor dessa frase. A ironia é não recebermos uma frase exactamente como ela nos surge e tentarmos ler o outro lado do que se está a dizer. Isso é-me muito natural.» Excerto da entrevista de Gonçalo M. Tavares que poderá ler no número de Dezembro.
[Fotografia de Pedro Loureiro]

«Com a concentração há maior probabilidade de os grupos editoriais continuarem a ser portugueses»

«Acho que a concentração, num país pequeno como Portugal, é razoavelmente saudável, desde que seja regulada. O livro é um mercado difícil, veja-se as editoras e livrarias que fecham. E temos o desafio do digital. Acho que esta concentração tem mais efeitos benéficos do que prejudiciais. Se a Autoridade da Concorrência tivesse dito que não ao negócio, a Bertrand teria sido comprada por espanhóis e as suas políticas seriam definidas em Madrid. E se amanhã lhes interessasse fechar, fechavam. Com a concentração há maior probabilidade de os grupos editoriais continuarem a ser portugueses. Sem ela, o mais provável é que passássemos a ter livros portugueses editados no estrangeiro, como já acontece na música ou no cinema.» Excerto de uma longa entrevista de Vasco Teixeira, responsável editorial do Grupo Porto Editora, ao jornal Público.

«Dessacralizar o António»

«É preciso que o leitor saiba dessacralizar o António, respeitá-lo mas não se deixar intimidar, porque há sempre uma frase que o sensibiliza. Mesmo as suas frases mais populares são muito interessantes! Digo sempre às pessoas que ainda não o leram para experimentarem as Cartas da Guerra, que é o making-of de António como escritor. Está lá tudo, a tomada de consciência política, a compreensão da guerra e a correspondência de amor, e, mesmo não sendo um livro como os outros, mostra o que ele vai ser a seguir.» Entrevista a Dominique Bourgois, editora francesa de António Lobo Antunes, presente ontem, em Lisboa, na conferência de imprensa que divulgou a temporada de teatro parisiense dedicada ao autor de Os Cus de Judas.

Entrevista Philippe Claudel

«The modern novel can’t sidestep or ignore the idea of evil on an industrial level. We were born in the century of the refrigerator – which conserves food, helping us to stay alive – and of the gas chamber, which grossly destroys life; in the century of a science that progressed considerably in order to save lives, and that simultaneously reached perfection in the art of exterminating them.» Entrevista ao vencedor do Independent Foreign Fiction Prize publicada hoje no site da Granta.

Da era Gutenberg ao Google

«La novela es una especie de paseo privado a lo largo del puente que enlaza el mundo casi excesivo de Joyce con el más lacónico de Beckett y que a fin de cuentas es el trayecto principal de la gran literatura de las últimas décadas: el que va de la riqueza de un irlandés a la deliberada penuria del otro; de la era Gutenberg a Google; de la existencia de lo sagrado (James Joyce) a la era sombría de la desaparición de Dios (Samuel Beckett), de lo epifánico a la afonía...»

Enrique Vila-Matas, em entrevista, sobre o seu romance mais recente Dublinesca (Seix Barral).

Coragem & clientelas

«O Ministério da Cultura tem que ter a coragem de aplicar melhor as suas verbas. Tem havido alguma preocupação em satisfazer clientelas. Qualquer entidade nova tem acesso aos concursos, aos apoios às artes, até o cinema. É um espaço permanentemente aberto. E os fundos são o que são, têm estado a crescer mas não estão equiparados ao potencial de novos agentes que entram neste mercado. O MC tem que ter a coragem de subir a fasquia, diminuir o número de apoios e apostar na qualidade. Até hoje não houve ainda vontade de dar esse passo. Eu tenho muita vontade de reflectir sobre isso e eventualmente dar passos nesse sentido.»

Gabriela Canavilhas, ministra da Cultura, entrevista por Alexandra Prado Coelho.

Ainda a propósito da destruição de livros

É corrente as editoras destruírem livros que estão fora do mercado?

Sim. Há mesmo um prazo legal para o fazer, que penso ser de cinco anos, não tenho agora presente. Isto depois de perguntar aos autores se os querem comprar, como consta na cláusula de opção que têm abaixo do preço de capa.

E é um massacre, como disse a ministra da Cultura?

Tenho uma opinião mais matizada. Quando uma editora oferece um livro, exceptuando os que disponibiliza para crítica, tem de gastar 15% do preço de capa. Tem de pagar 5% de IVA e 10% dos direitos de autor, a não ser que este abdique deles. Há consequências fiscais e económicas de dar uma «coisa minha». E ainda o transporte e embalagem se quem os recebe não os pagar. Por correio pode ficar por três euros cada livro.

Compensa fazer dos livros pasta de papel?

Se fosse indiferente, armazenavam-se. Há o custo do espaço, da conservação e a degradação do livro. E as editoras podem não querer comercializar livros antiquados e desactualizados. É preciso dizer que os livros são das editoras, que os pagaram.

E se o Estado o sustentasse?

Aí poderia haver outro problema, que não elenquei atrás: concorrência desleal. Imagine-se que se enviavam para países da lusofonia. Os editores locais teriam de concorrer com livros de borla. Isto [o livro] é um negócio e, se o livro passa a ser objecto de oferta, como viverão as pessoas que vivem de os escrever ou das tarefas em torno do livro? Mas essa [intervenção estatal] é uma questão política que não nos cabe discutir.

 

Entrevista completa de Miguel Freitas de Costa, secretário-geral da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros.

«A escola deveria ensinar os alunos a amar a literatura»

«Quando nós professores não sabemos muito bem como fazer para despertar o interesse dos alunos pela literatura, recorremos a um método mecânico, que consiste em resumir o que foi elaborado por críticos e teóricos. É mais fácil fazer isso do que exigir a leitura dos livros, que possibilitaria uma compreensão própria das obras. Eu deploro essa atitude de ensinar teoria em vez de ir diretamente aos romances, por que penso que para amar a literatura - e acredito que a escola deveria ensinar os alunos a amar a literatura - o professor deve mostrar aos alunos a que ponto os livros podem ser esclarecedores para eles próprios, ajudando-os a compreender o mundo em que vivem.» Tzvetan Todorov, em entrevista à revista Bravo!.

[Via Autores e Livros]