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LER

Livros. Notícias. Rumores. Apontamentos.

LER já nas bancas!

 

Mais uma edição exclusiva da LER: entrevista com John Banville, o escritor irlandês que fará regressar Philip Marlowe; o ensaio-manifesto de Pedro Rosa Mendes sobre os dias que vivemos; os 25 livros de 2012; um perfil de José Rodrigues dos Santos; a estreia de Rogério Casanova no conto policial e muito, muito mais. Dia 3 de janeiro nas bancas!

Sophia inédita em exclusivo na LER. Hoje e amanhã nas bancas!

 

Esta casa desmesurada, cheia de gente mas também cheia de lugares vazios e quartos desabitados e fechados, cheia de vozes, silêncios, ressonâncias, mistérios, medos e encantações e assombros, aparece, assim como o jardim, o parque, o pinhal e a quinta, em muitos dos poemas e contos que ao longo dos anos escrevi. É a casa de Hans do conto «Saga», o jardim do Rapaz de Bronze. E, múltipla, a casa é também «um dos palácios do Minotauro» de que falo num dos meus poemas. É igualmente esta a casa que o meu primo Ruben A. descreve no seu livro O Mundo à Minha Procura: uma ­ópti­ma descrição, tão exacta e veemente que poderá parecer ­inven­tada. Mas nunca nada é inventado.
Sophia
Excerto de um dos inéditos publicados na LER

 

VÍTOR SILVA TAVARES O EDITOR PARALELO

Já cá anda há muito: fez muitos livros, conheceu muita gente, foi amigo de muitos e desamigo de ainda mais. Gosta de pôr tudo em causa. Mesmo tudo. Aos 75 anos, reclama para si o direito a escolher os seus «albaneses», ódios de estimação determinados não apenas pelo sentido de justiça, como reconhece, deixando transparecer um certo gosto antigo pelo «terrorismo cultural». Faz em janeiro quatro décadas que deu início à aventura chamada &etc. Começou por ser um magazine e transformou-se na editora que se recusa a ceder ao mercado: nunca reimprimiu um livro, nunca ninguém ali ganhou um tostão. O editor que não quer que lhe chamem editor garante, no entanto, que não vai comemorar nada. Ele, com aquela figura de duplo de César Monteiro, descendo todos os dias ao «subterrâneo 3» da Rua da Emenda, ao Bairro Alto, continua a preferir dar sentido à máxima do amigo: «Vai e dá-lhes trabalho.»

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SOPHIA MEMÓRIAS INÉDITAS

Da intenção inicial de escrever as suas memórias ficaram fragmentos inéditos como os que publicamos nesta edição: desde as casas de infância e juventude retratadas em poemas e contos, aos dias passados nas ruas do Porto, «cidade onde sonhou as cidades distantes», e à aventura de automóvel entre o Rio de Janeiro e Brasília, durante a primeira viagem ao Brasil. Somam-se outros originais, como a carta escrita por Sophia a Eduardo Lourenço (há 35 anos) onde garantia que «a poesia faz parte da história da vida e não da história da literatura», ou a sequência fotográfica só agora revelada por Luísa Ferreira. Num momento que a sua prosa é novamente editada, e o espólio continua a ser tratado na Biblioteca Nacional, regressamos à autora de Dia do Mar com a ajuda imprescindível de Maria Andresen.

 

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JOSÉ LUÍS PEIXOTO O QUE FAÇO EU AQUI?
Pergunta a meio de uma viagem de 15 dias ao país onde tudo parece ficção. O escritor fez parte de um exclusivo grupo turístico que entrou na Coreia do Norte a pretexto das comemorações do centenário do nascimento de Kim Il-sung. «Testemunha alucinada», regressou com histórias (e fotografias) para o livro Dentro do Segredo
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DAVID FOSTER WALLACE CERTIFICADO DE REABILITAÇÃO
Uma década após ser editado, Infinite Jest (1996) conseguia entrar na lista da Time dos 100 melhores romances de língua inglesa publicados desde 1923. Agora, a tradução da obra maior (e inclassificável) deste escritor norte-americano chega finalmente às livrarias portuguesas. «Quer a ouçamos ou não até ao fim, essa é uma promessa que A Piada Infinita cumpre: mostrar-nos os nossos limites.» Rogério Casanova leu as mais de mil páginas e troca algumas impressões sobre o assunto. 
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PHILIP ROTH «NÃO QUERO ESCREVER MAIS FICÇÃO»
Quando se trata da fazer o balanço da sua carreira, cita o pugilista Joe Louis: «Fiz o melhor que pude com aquilo que tinha». Aos 79 anos, o romancista norte-americano coloca um estridente ponto final na página em branco, preferindo trabalhar nos arquivos com Blake Bailey. «Não quero escrever as memórias, mas quis que o meu biógrafo tivesse material para o livro antes de eu morrer.» Vencedor do Prémio Príncipe das Astúrias de Letras 2012, diz ter perdido a «energia» e as «forças» para se confrontar com a frustração. «Escrever é errar o tempo todo.» Por isso, não lhe falem em mais livros. Nemésis será o seu último. Será? Segue-se a entrevista mais falada do momento. 
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GEORGE STEINER O ESTILO E A SUBSTÂNCIA
A Poesia do Pensamento talvez seja a obra magna deste mestre europeu, que percorre dois milénios da cultura ocidental à procura das ligações entre a filosofia e a linguagem poética e literária. Súmula de 50 anos de trabalho analítico e crítico.

Já nas bancas!


Os cálculos indicam que 70 por cento da poesia inglesa ainda estará inédita. Em português falta toda a poesia não datada. Podemos estar a falar de 500 poemas ou mais.

Pessoa morreu em 1935, nós estamos em 2012; não há qualquer coisa de incompreensível nisso?
Essa é a perplexidade que já tive quando vivi a minha epifania. A minha relação com Pessoa começou em 2003 quando encontro um espólio trilingue amplamente inédito. Para mim, há quase uma década que é incompreensível termos tanto material por tratar e termos a consciência, mesmo que seja uma consciência de poucas pessoas, de ainda termos trabalho para 40 ou 50 anos, ou muito mais.

Jerónimo Pizarro, entrevistado por Carlos Vaz Marques


JERÓNIMO PIZARRO
PESSOA ATÉ PARECE QUE BRINCOU COM A POSTERIDADE
O modo tranquilo de falar esconde a hiperatividade, revelada pela extraordinária lista de publicações que acumula em menos de uma década. Há três ­meses lançou Prosa de Álvaro de Campos (um acontecimento editorial, para ele, tão relevante quanto O Livro do Desasossego, há 30 anos), e este mês sai para as livrarias Ibéria - Introdução a Um Imperialismo Futuro e o conjunto de ensaios Pessoa Existe?. A quem pensa que o essencial de Pessoa é do domínio público, Pizarro recorda um facto simples: metade dos papéis do escritor continua por descodificar. 
TOMAS TRANSTRÖMER
MEMÓRIAS DE JUVENTUDE
O Nobel da Literatura de 2011 reservou o seu ­único livro em prosa para uma autobiografia cujas páginas atravessam infância e adolescência, terminando com a sua entrada no liceu. Discreto ­e ­minucio­so, o poeta sueco de 81 anos, que há muito vive retirado devido a um acidente vascular cerebral, enfrenta os abismos da memória em As Minhas Lembranças Observam-me. Um momento exclusivo.
 DESKTOP
SEIS ESCRITOREM ABREM O COMPUTADOR
Há dezenas de pastas com títulos surpreendentes e fotografias de viagens. Há ficheiros sentimentais e fundos minimalistas. Há segredos e matéria literária. José Eduardo Agualusa, João Tordo, Paulo Moreiras, Raquel Ochoa, Joel Neto e João Luís Barreto Guimarães revelam como é – para cada um deles – ter um bom ambiente de trabalho. 
 E.L. JAMES
CHICOTADA PSICOLÓGICA
A sua trilogia erótica inspirada na saga dos vampiros de Stephenie Meyer já vendeu mais de 40 milhões de exemplares. A revista Time incluiu o seu nome na lista das 100 personalidades do ano e a Universal comprou os ­direitos para cinema. Mas o que vale, afinal, o best-seller de 2012, cujo primeiro volume (As Cinquenta Sombras de Grey) aterrou em Portugal neste verão?
25 ANOS, 25 LIVROS 
Continuam as escolhas sobre os 25 melhores livros de autores portugueses, publicados pela primeira vez entre 1987 e 2011. «A obra de Gonçalo M. Tavares que – apesar de incontornável, porque singular e diversificada, na literatura portuguesa deste século – não me provoca o espanto que costuma deixar boquiaberta a nossa intelligentsia», afirma José Riço Direitinho, «pela razão de eu considerar que o que o autor escreve (sobretudo os romances e os contos) é uma espécie de literatura requentada da Mitteleuropa».
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LER já nas bancas!

 

«A marca de um verdadeiro crítico é a conversão de opinião em conhecimento. Acho que faço isso, o que não quer dizer necessariamente alguma coisa, visto eu estar tanto na sombra de Johnson, Hazlitt e Walter Pater. No entanto, a verdade é que estou sempre na e sob a influência de Shakespeare, Hart Crane, Wallace Stevens e Walt Whitman. Sobretudo esses quatro. São para mim os poetas entre os poetas.» O decano da crítica literária norte-americana completa 82 anos em julho e mantém a sua rotina de professor na Universidade de Yale. Após The Anatomy of Influence, publicado em 2011, escreve agora as suas memórias de leitor em The Hum of Thoughts Evaded in the Mind«Sou um dinossauro. Sou um retrógrado. Sou do século XIX e estamos agora no século XXI. Se alguém quisesse realmente apontar uma razão para ler The Anatomy of Influence, talvez dissesse: "Este é um tipo que podia muito bem viver em 1893".»

 

A mais recente tentativa de golpe militar na Guiné-Bissau apanhou Pedro Rosa Mendes de saída para Moscovo para investigar os arquivos soviéticos sobre alguns dos acontecimentos marcantes daquele país africano. Nesta edição publicamos o seu diário exclusivo de histórias, descobertas, cruzamentos e personagens da primeira viagem à Rússia, nos dias em que «Putin III» regressava ao poder. 

 

Se antes sintonizavam a antena nas séries Espaço: 1999Twin Peaks ou Verão Azul e em novelas como Tieta e Roque Santeiroo que veem hoje AfonsoCruz, Valter Hugo Mãe, Dulce Maria Cardoso, David Machado, Manuel Jorge Marmelo, João Ricardo Pedro e Patrícia Reis? E de que forma a televisãoainda os influencia? Respostas em formato 7x7.

 

Trezentos anos após o seunascimento, Jean-Jacques Rousseau permanece um dos mais controversos contribuidores da grande história das ideias. Com as comemorações, renasce o debate sobre a importância e atualidade dos pensamentos do cidadão de Genebra.

 

«Sei que algumas tribos da poesia não gostam nada de mim, mas devodizer que isso me é completamente indiferente. Já várias vezes vi textos deles que criticam muito negativamente a minha poesia. Julgo que isso é mais um complexo de Édipo do que outra coisa. A única coisa que eu tenho a dizer a esse respeito é que vão chamar pai a outro.» Nuno Júdice, entrevistado por Carlos Vaz Marques, a propósito do seu mais recente livro de poesia, Fórmulas de Uma Luz Inexplicável.

Quem é o próximo entrevistado da LER?

«A marca de um verdadeiro crítico é a conversão de opinião em conhecimento. Acho que faço isso, o que não quer dizer necessariamente alguma coisa, visto eu estar tanto na sombra de Johnson, Hazlitt e Walter Pater. No entanto, a verdade é que estou sempre na e sob a influência de Shakespeare, Hart Crane, Wallace Stevens e Walt Whitman. Sobretudo esses quatro. São para mim os poetas entre os poetas.» A entrevista há muito esperada pela LER de um outro «mestre do nosso tempo» (a par de George Steiner). Sexta-feira nas bancas de todo o país. Verdadeiramente imperdível.

Já nas bancas!


Número muito especial de maio desenhado por João Lemos, com entrevista exclusiva a Enrique Vila-Matas, um artigo de fundo sobre a banda desenhada portuguesa e seus protagonistas, a homenagem devida a Antonio Tabucchi (textos de José Cardoso Pires, Pedro Mexia, Francisco Belard, Inês Pedrosa e José Guardado Moreira), um "inédito" de Vitorino Nemésio sobre Raul Brandão, autor de "O Gebo e a Sombra", peça de teatro agora adaptada pelo realizador Manoel de Oliveira, e as ficções mais desafiantes de Clarice Lispector. E, claro, muito mais. Como sempre.

O retorno de Dulce Maria Cardoso

«Os retornados que conheço e de que posso falar foram os mais injustiçados. Os bem-sucedidos seriam bem-sucedidos em qualquer parte do mundo porque eram pessoas muito fortes e capazes. A maior parte não foi muito bem-sucedida, só que dos fracos não reza a História. [...] Pensei numa proposta de reflexão sobre a perda, sobre o que terá sido o colonialismo, nas suas raízes mais subterrâneas. [...] Nunca deixei de ser uma retornada.»

Dulce Maria Cardoso, em entrevista a Carlos Vaz Marques, sobre o seu mais recente romance: O Retorno (Tinta-da-china). Obrigatório ler a partir de sábado. Fotografia de Pedro Loureiro.

Inéditos de Padre António Vieira

«Comecei agora a viver pela primeira vez.»

Excerto de uma carta inédita que revelamos na edição de outubro da LER (sábado nas bancas), onde se fica a conhecer mais em detalhe o maior projeto sobre a obra do «Imperador da Língua Portuguesa». Trinta volumes de uma «arca» monumental trabalhados por uma vasta equipa coordenada pela Universidade de Lisboa. Os investigadores Andreas Farmhouse e Carlos Seixas Maduro explicam, em primeira mão, qual o caminho a trilhar nos próximos anos.

Dicionário Luís de Camões

«Para nós portugueses, Camões cria a única mitologia cultural digna desse nome ainda viva e, apesar das aparências, mais viva do que nunca como texto profético da nossa perenidade sempre em instância do naufrágio.»

Excerto do ensaio de Eduardo Lourenço, publicado em exclusivo na edição de outubro da LER, a propósito do grande acontecimento editorial de 2011: o lançamento do Dicionário Luís de Camões.

A Acordo dos desacordos

Pergunta-se uma pessoa: o que pode levar indivíduos de reconhecida qualidade científica a propor, e tornar a propor, medidas que um exame crítico, mais ou menos aturado, demonstra serem descabeladas, irresponsáveis, quando não idiotas? A resposta poderá espantar, mas tem de ser dita: tudo nasce desse embalador e entorpecente aconchego chamado «Lusofonia». Envoltos nessa doce quentura, mesmo os mais perspicazes espíritos perdem o tino. Em nome de uma «fraternidade» que só existe nos seus delírios, exercem um poder duradouro que ninguém controla, nem eles próprios. 

 

Hoje que dispomos de «Vocabulários» oficiais, brasileiro e português, muita coisa se esclareceu. E, antes de mais, que esses vocabulários nunca haveriam podido ser um só, o chamado «Comum», que só existiu no reino da falácia. Fomos então enganados? Claro que fomos. Só nos resta, pois, desenganarmo-nos.

 

No mês de todos os regressos, a LER publica um ensaio obrigatório de Fernando Venâncio sobre o Acordo OrtográficoDia 1 de Setembro nas bancas, com outros exclusivos e polémicas, revelados aqui nos próximos dias.

Em Maio, na LER

Quer dizer que, como Fausto, venderia a alma por uma obra. 

Quem não faz isso não vale a pena começar a escrever. Se a pessoa começa para desistir ou para vender livros, isso é uma outra coisa. Agora, se se dedica tem de vender tudo para escrever.

 

LER nº102, nas bancas no início da próxima semana.