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Mais uma edição exclusiva da LER: entrevista com John Banville, o escritor irlandês que fará regressar Philip Marlowe; o ensaio-manifesto de Pedro Rosa Mendes sobre os dias que vivemos; os 25 livros de 2012; um perfil de José Rodrigues dos Santos; a estreia de Rogério Casanova no conto policial e muito, muito mais. Dia 3 de janeiro nas bancas!
Já cá anda há muito: fez muitos livros, conheceu muita gente, foi amigo de muitos e desamigo de ainda mais. Gosta de pôr tudo em causa. Mesmo tudo. Aos 75 anos, reclama para si o direito a escolher os seus «albaneses», ódios de estimação determinados não apenas pelo sentido de justiça, como reconhece, deixando transparecer um certo gosto antigo pelo «terrorismo cultural». Faz em janeiro quatro décadas que deu início à aventura chamada &etc. Começou por ser um magazine e transformou-se na editora que se recusa a ceder ao mercado: nunca reimprimiu um livro, nunca ninguém ali ganhou um tostão. O editor que não quer que lhe chamem editor garante, no entanto, que não vai comemorar nada. Ele, com aquela figura de duplo de César Monteiro, descendo todos os dias ao «subterrâneo 3» da Rua da Emenda, ao Bairro Alto, continua a preferir dar sentido à máxima do amigo: «Vai e dá-lhes trabalho.»
Da intenção inicial de escrever as suas memórias ficaram fragmentos inéditos como os que publicamos nesta edição: desde as casas de infância e juventude retratadas em poemas e contos, aos dias passados nas ruas do Porto, «cidade onde sonhou as cidades distantes», e à aventura de automóvel entre o Rio de Janeiro e Brasília, durante a primeira viagem ao Brasil. Somam-se outros originais, como a carta escrita por Sophia a Eduardo Lourenço (há 35 anos) onde garantia que «a poesia faz parte da história da vida e não da história da literatura», ou a sequência fotográfica só agora revelada por Luísa Ferreira. Num momento que a sua prosa é novamente editada, e o espólio continua a ser tratado na Biblioteca Nacional, regressamos à autora de Dia do Mar com a ajuda imprescindível de Maria Andresen.
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Os cálculos indicam que 70 por cento da poesia inglesa ainda estará inédita. Em português falta toda a poesia não datada. Podemos estar a falar de 500 poemas ou mais.
Pessoa morreu em 1935, nós estamos em 2012; não há qualquer coisa de incompreensível nisso?
Essa é a perplexidade que já tive quando vivi a minha epifania. A minha relação com Pessoa começou em 2003 quando encontro um espólio trilingue amplamente inédito. Para mim, há quase uma década que é incompreensível termos tanto material por tratar e termos a consciência, mesmo que seja uma consciência de poucas pessoas, de ainda termos trabalho para 40 ou 50 anos, ou muito mais.
Jerónimo Pizarro, entrevistado por Carlos Vaz Marques
«A marca de um verdadeiro crítico é a conversão de opinião em conhecimento. Acho que faço isso, o que não quer dizer necessariamente alguma coisa, visto eu estar tanto na sombra de Johnson, Hazlitt e Walter Pater. No entanto, a verdade é que estou sempre na e sob a influência de Shakespeare, Hart Crane, Wallace Stevens e Walt Whitman. Sobretudo esses quatro. São para mim os poetas entre os poetas.» O decano da crítica literária norte-americana completa 82 anos em julho e mantém a sua rotina de professor na Universidade de Yale. Após The Anatomy of Influence, publicado em 2011, escreve agora as suas memórias de leitor em The Hum of Thoughts Evaded in the Mind. «Sou um dinossauro. Sou um retrógrado. Sou do século XIX e estamos agora no século XXI. Se alguém quisesse realmente apontar uma razão para ler The Anatomy of Influence, talvez dissesse: "Este é um tipo que podia muito bem viver em 1893".»
A mais recente tentativa de golpe militar na Guiné-Bissau apanhou Pedro Rosa Mendes de saída para Moscovo para investigar os arquivos soviéticos sobre alguns dos acontecimentos marcantes daquele país africano. Nesta edição publicamos o seu diário exclusivo de histórias, descobertas, cruzamentos e personagens da primeira viagem à Rússia, nos dias em que «Putin III» regressava ao poder.
Se antes sintonizavam a antena nas séries Espaço: 1999, Twin Peaks ou Verão Azul e em novelas como Tieta e Roque Santeiro, o que veem hoje AfonsoCruz, Valter Hugo Mãe, Dulce Maria Cardoso, David Machado, Manuel Jorge Marmelo, João Ricardo Pedro e Patrícia Reis? E de que forma a televisãoainda os influencia? Respostas em formato 7x7.
Trezentos anos após o seunascimento, Jean-Jacques Rousseau permanece um dos mais controversos contribuidores da grande história das ideias. Com as comemorações, renasce o debate sobre a importância e atualidade dos pensamentos do cidadão de Genebra.
«Sei que algumas tribos da poesia não gostam nada de mim, mas devodizer que isso me é completamente indiferente. Já várias vezes vi textos deles que criticam muito negativamente a minha poesia. Julgo que isso é mais um complexo de Édipo do que outra coisa. A única coisa que eu tenho a dizer a esse respeito é que vão chamar pai a outro.» Nuno Júdice, entrevistado por Carlos Vaz Marques, a propósito do seu mais recente livro de poesia, Fórmulas de Uma Luz Inexplicável.
«A marca de um verdadeiro crítico é a conversão de opinião em conhecimento. Acho que faço isso, o que não quer dizer necessariamente alguma coisa, visto eu estar tanto na sombra de Johnson, Hazlitt e Walter Pater. No entanto, a verdade é que estou sempre na e sob a influência de Shakespeare, Hart Crane, Wallace Stevens e Walt Whitman. Sobretudo esses quatro. São para mim os poetas entre os poetas.» A entrevista há muito esperada pela LER de um outro «mestre do nosso tempo» (a par de George Steiner). Sexta-feira nas bancas de todo o país. Verdadeiramente imperdível.
Um embate há muito esperado com moderação de Carlos Vaz Marques. Quem são os protagonistas da capa da LER de fevereiro?
«Os retornados que conheço e de que posso falar foram os mais injustiçados. Os bem-sucedidos seriam bem-sucedidos em qualquer parte do mundo porque eram pessoas muito fortes e capazes. A maior parte não foi muito bem-sucedida, só que dos fracos não reza a História. [...] Pensei numa proposta de reflexão sobre a perda, sobre o que terá sido o colonialismo, nas suas raízes mais subterrâneas. [...] Nunca deixei de ser uma retornada.»
Dulce Maria Cardoso, em entrevista a Carlos Vaz Marques, sobre o seu mais recente romance: O Retorno (Tinta-da-china). Obrigatório ler a partir de sábado. Fotografia de Pedro Loureiro.
«Comecei agora a viver pela primeira vez.»
Excerto de uma carta inédita que revelamos na edição de outubro da LER (sábado nas bancas), onde se fica a conhecer mais em detalhe o maior projeto sobre a obra do «Imperador da Língua Portuguesa». Trinta volumes de uma «arca» monumental trabalhados por uma vasta equipa coordenada pela Universidade de Lisboa. Os investigadores Andreas Farmhouse e Carlos Seixas Maduro explicam, em primeira mão, qual o caminho a trilhar nos próximos anos.
«Para nós portugueses, Camões cria a única mitologia cultural digna desse nome ainda viva e, apesar das aparências, mais viva do que nunca como texto profético da nossa perenidade sempre em instância do naufrágio.»
Excerto do ensaio de Eduardo Lourenço, publicado em exclusivo na edição de outubro da LER, a propósito do grande acontecimento editorial de 2011: o lançamento do Dicionário Luís de Camões.
Pergunta-se uma pessoa: o que pode levar indivíduos de reconhecida qualidade científica a propor, e tornar a propor, medidas que um exame crítico, mais ou menos aturado, demonstra serem descabeladas, irresponsáveis, quando não idiotas? A resposta poderá espantar, mas tem de ser dita: tudo nasce desse embalador e entorpecente aconchego chamado «Lusofonia». Envoltos nessa doce quentura, mesmo os mais perspicazes espíritos perdem o tino. Em nome de uma «fraternidade» que só existe nos seus delírios, exercem um poder duradouro que ninguém controla, nem eles próprios.
Hoje que dispomos de «Vocabulários» oficiais, brasileiro e português, muita coisa se esclareceu. E, antes de mais, que esses vocabulários nunca haveriam podido ser um só, o chamado «Comum», que só existiu no reino da falácia. Fomos então enganados? Claro que fomos. Só nos resta, pois, desenganarmo-nos.
No mês de todos os regressos, a LER publica um ensaio obrigatório de Fernando Venâncio sobre o Acordo Ortográfico. Dia 1 de Setembro nas bancas, com outros exclusivos e polémicas, revelados aqui nos próximos dias.
Quer dizer que, como Fausto, venderia a alma por uma obra.
Quem não faz isso não vale a pena começar a escrever. Se a pessoa começa para desistir ou para vender livros, isso é uma outra coisa. Agora, se se dedica tem de vender tudo para escrever.
LER nº102, nas bancas no início da próxima semana.